segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Gravidez acima dos 35 anos: riscos e cuidados

Quantas de nós, ao brincar de bonecas na infância, não imaginaram como seria quando tivéssemos nossos filhos de verdade? Quase todas, não é mesmo? Só que, nos últimos anos, muitas mudanças aconteceram e aquele sonho de menina foi ficando para trás. Por várias razões: a dedicação integral à vida profissional, a eterna busca da estabilidade financeira, a dificuldade em manter um relacionamento duradouro, ou simplesmente encontrar um parceiro que esteja emocionalmente preparado para ser pai... Assim, muitas mulheres chegam ao meu consultório com 35 anos ou mais, ansiosas por terem um bebê, numa verdadeira corrida contra o tempo. Mas isso pode não ser tão fácil nessa fase da vida.

É que nessa idade podem surgir problemas que dificultam a ocorrência da gravidez, como miomas uterinos, endometriose, doença inflamatória pélvica, distúrbios ovulatórios, doenças da tireóide e do colo uterino. Explico às pacientes que, caso estejam em algumas dessas situações, devem iniciar imediatamente o tratamento para não deixarem a doença continuar sua evolução. Na verdade, os exames ginecológicos devem ser preventivos, periódicos, para que qualquer problema seja tratado ainda no início e tenha uma boa resposta, evitando dessa forma seqüelas que podem alterar a fertilidade feminina.

A partir dos 40, aumentam os riscos de anomalias cromossômicas, alterações genéticas, como a síndrome de Down. Também por causa dessas alterações, as taxas de abortamento são maiores. Querem um exemplo em números? Os jornais Journal of the American Medical Association e American Journal of Human Genetics expõem os riscos de ter um filho com síndrome de Down correlacionado à idade: 0,5% a partir de 35 anos, 1,2% a partir de 37 anos, 6% a partir de 43 anos e 11% a partir de 45 anos.

É bom que se diga que não faço parte da corrente absolutamente contrária às mulheres que querem ter filhos mais tarde. Não se trata disso de jeito nenhum! Mas é bom frisar que na gravidez podem surgir intercorrências, tais como: ameaça de aborto, de parto prematuro, hipertensão, eclâmpsia, diabetes, descolamento prematuro da placenta, placenta prévia... Todas essas situações podem colocar em risco o desenvolvimento do feto. Mais do que isso: a vida da mãe e do bebê. Lembrando sempre, que quanto mais idade tem a mulher, maiores são as chances desse tipo de problema.

Para a mulher que planeja a gravidez, vale a pena lembrar os cuidados a serem tomados. Por exemplo: iniciar a suplementação com ácido fólico no mínimo três meses antes de engravidar, fazer acompanhamento de pré-natal (com realização de TODOS os exames solicitados), praticar atividades físicas, ter hábitos alimentares saudáveis e uma suplementação vitamínica. E, claro, acompanhar o desenvolvimento do feto através de exames de ultra-som.

Depois de pesar bem prós e contras, a decisão é sua. Mas não se esqueça de buscar o acompanhamento de um especialista, seguindo as indicações dele à risca. E boa sorte!