quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Síndrome dos Ovários Policisticos - SOP

Hoje em dia, a realização de exames de ultrassonografia transvaginal é uma rotina na avaliação ginecológica. Com isso, a identificação de cistos ovarianos aumentou, 20 a 30 % das mulheres apresentam essas alterações nos ovários. Porém, na maior parte dos casos, esses cistos não têm relação com doenças e desaparecem de forma espontânea. Em torno de 10% dos casos, os cistos são provocados por uma alteração hormonal, a síndrome dos ovários policísticos, conhecida como SOP, que geralmente ocorre associada a outros sinais.
Os principais sintomas se devem às alterações no ciclo menstrual, que pode ter longos intervalos, em torno de três meses entre uma menstruação e outra, ou ate mesmo a ausência da menstruação. Os ovários não conseguem completar o ciclo de ovulação, desenvolvem o folículo, que não amadurece e não sofre o processo de ovulação. Dessa forma esses pequenos folículos (que não ovularam), se acumulam no ovário e formam os microcistos. Nem sempre a presença de menstruação significa ovulação. A mulher pode menstruar todo mês e mesmo assim não ter ovulação.

Os ovários policísticos estão associados a alterações dos hormônios, com excesso de produção de hormônios masculinos (testosterona) o que promove: aparecimento de pêlos em locais do corpo feminino nos quais não deveria aparecer ( por ex. no rosto), aumento da oleosidade da pele com aparecimento de acne e acúmulo de gordura abdominal (aquela barriguinha desagradável), com tendência a obesidade. É esse conjunto que caracteriza a síndrome dos ovários policísticos. É uma doença endócrina, ou seja, uma alteração nos hormônios, que ameaça a fertilidade feminina, pela alteração na ovulação que provoca. Em alguns casos pode ocorrer uma resistência à atuação da insulina (hormônio que regula o açúcar no sangue) com tendência ao desenvolvimento de diabetes, assim como aumenta a chance do aparecimento de doenças cardiovasculares.

A síndrome dos ovários policísticos não tem uma causa conhecida, mas é sabido que ocorre uma disfunção no hipotálamo (glândula que regula a produção hormonal) e tambem uma resistência a ação da insulina. Ocorre então um, aumento na produção de insulina, que por sua vez estimula a produção excessiva de hormônio masculino pelos ovários, acarretando todos os sinais e sintomas que compõe a tríada clássica da SOP: obesidade, amenorréia (ausência da menstruação), infertilidade e hirsutismo (aumento de pêlos no corpo). É importante ressaltar, porém, que nem toda a mulher obesa necessariamente vai ter a síndrome de ovários policísticos, como nem toda a portadora do distúrbio ficará obesa.

O diagnóstico da Síndrome dos Ovários Policísticos é feito através de ultrassonografia pélvica ou transvaginal, exames clínicos e laboratoriais. Para o diagnóstico, basta que a mulher apresente dois dentre os sintomas:

· Ovários policísticos pela ultrassonorafia, apresentando mais de 12 folículos na superfície com aumento do volume ovariano acima de 10 cm3.

· Falta de ovulação ou deficiência (pode ocorrer também a ausência da menstruação).

· Sinais clínicos ou laboratoriais de aumento na produção de hormônio masculino (acne, queda de cabelo, aumento de pêlos no rosto, pele oleosa).

Mulheres que apresentam apenas sinais de ovários policísticos ao realizar o exame de ultrassonografia, mas sem alteração na ovulação ou sem sinais de excesso de hormônio masculino, não devem ser consideradas portadoras da SOP.

Todas as pacientes com diagnóstico sugestivo de SOP devem realizar outros exames de avaliação hormonal tais como: dosagem de prolactina, hormônios tireoidianos e hormônios produzidos pela glândula supra-renal.

A SOP pode levar a dificuldade em engravidar, devido à diminuição ou à falta de ovulação.
Se uma mulher que sempre teve ciclos regulares e começa a notar que o ciclo está se tornando longo, com um intervalo acima de 40 dias entre as menstruações, é bom procurar o seu ginecologista para uma avaliação.

O tratamento dessa síndrome hormonal vai depender do objetivo da paciente. Em geral, é indicado o uso de anticoncepcionais orais (pílula), que diminuem o aparecimento de pêlos, espinhas, cólicas ou mesmo o aumento de peso.

Caso a mulher queira engravidar, a primeira alternativa é o uso de indutores de ovulação e em alguns casos específicos, pode ser necessário um tratamento de reprodução assistida.

ATENÇÃO: Perder peso é fundamental, para a saúde, o bem-estar e principalmente às que desejam a gravidez!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Gravidez acima dos 35 anos: riscos e cuidados

Quantas de nós, ao brincar de bonecas na infância, não imaginaram como seria quando tivéssemos nossos filhos de verdade? Quase todas, não é mesmo? Só que, nos últimos anos, muitas mudanças aconteceram e aquele sonho de menina foi ficando para trás. Por várias razões: a dedicação integral à vida profissional, a eterna busca da estabilidade financeira, a dificuldade em manter um relacionamento duradouro, ou simplesmente encontrar um parceiro que esteja emocionalmente preparado para ser pai... Assim, muitas mulheres chegam ao meu consultório com 35 anos ou mais, ansiosas por terem um bebê, numa verdadeira corrida contra o tempo. Mas isso pode não ser tão fácil nessa fase da vida.

É que nessa idade podem surgir problemas que dificultam a ocorrência da gravidez, como miomas uterinos, endometriose, doença inflamatória pélvica, distúrbios ovulatórios, doenças da tireóide e do colo uterino. Explico às pacientes que, caso estejam em algumas dessas situações, devem iniciar imediatamente o tratamento para não deixarem a doença continuar sua evolução. Na verdade, os exames ginecológicos devem ser preventivos, periódicos, para que qualquer problema seja tratado ainda no início e tenha uma boa resposta, evitando dessa forma seqüelas que podem alterar a fertilidade feminina.

A partir dos 40, aumentam os riscos de anomalias cromossômicas, alterações genéticas, como a síndrome de Down. Também por causa dessas alterações, as taxas de abortamento são maiores. Querem um exemplo em números? Os jornais Journal of the American Medical Association e American Journal of Human Genetics expõem os riscos de ter um filho com síndrome de Down correlacionado à idade: 0,5% a partir de 35 anos, 1,2% a partir de 37 anos, 6% a partir de 43 anos e 11% a partir de 45 anos.

É bom que se diga que não faço parte da corrente absolutamente contrária às mulheres que querem ter filhos mais tarde. Não se trata disso de jeito nenhum! Mas é bom frisar que na gravidez podem surgir intercorrências, tais como: ameaça de aborto, de parto prematuro, hipertensão, eclâmpsia, diabetes, descolamento prematuro da placenta, placenta prévia... Todas essas situações podem colocar em risco o desenvolvimento do feto. Mais do que isso: a vida da mãe e do bebê. Lembrando sempre, que quanto mais idade tem a mulher, maiores são as chances desse tipo de problema.

Para a mulher que planeja a gravidez, vale a pena lembrar os cuidados a serem tomados. Por exemplo: iniciar a suplementação com ácido fólico no mínimo três meses antes de engravidar, fazer acompanhamento de pré-natal (com realização de TODOS os exames solicitados), praticar atividades físicas, ter hábitos alimentares saudáveis e uma suplementação vitamínica. E, claro, acompanhar o desenvolvimento do feto através de exames de ultra-som.

Depois de pesar bem prós e contras, a decisão é sua. Mas não se esqueça de buscar o acompanhamento de um especialista, seguindo as indicações dele à risca. E boa sorte!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Será que o mioma realmente é um vilão quando o assunto é infertilidade?

Antes de tudo, é importante sabermos que os miomas são tumores benignos que surgem na musculatura do útero e formam nódulos. Eles podem acometer até 50% das mulheres em idade reprodutiva, quer dizer, na fase em que menstruamos e que podemos engravidar.
A grande maioria dos miomas não nos causa nenhum sintoma. Quando estes surgem, aparecem como uma alteração da menstruação, levando a um maior tempo de sangramento, e aumento do fluxo menstrual.

Podemos descobrir que temos mioma quando fazemos à ultra-sonografia transvaginal ou da pelve de rotina, mesmo sem sentirmos nada. Podemos perceber uma alteração na menstruação e procuramos o Ginecologista, que pelo toque sente o útero aumentado suspeitando de mioma, o que vai ser confirmado pelo exame de ultrassonografia.

Ainda não se sabe ao certo o que provoca o aparecimento dos miomas. Eles parecem ter origem em alterações genéticas, por isso é comum observar a manifestação do problema em mulheres de uma mesma família, sendo mais freqüentes entre mulheres de raça negra. Sabemos que seu aparecimento e crescimento estão associados à atividade dos estrogênios (hormônio feminino), por isso o mioma pode diminuir ou desaparecer após a menopausa, período em que há redução importante na produção dos estrogênios.

E qual a sua relação com a infertilidade?

Bem, em mulheres sem sintomas, mas com dificuldade de engravidar, a presença de um mioma isoladamente é responsável por 5% dos casos de infertilidade, ou seja, é muito raro que só a presença do mioma seja a causa da dificuldade em obter a gravidez. Por esse motivo, não devemos no9s apavorar quando um exame de rotina, mostra um mioma. No caso de estar associado a outras alterações tais como: endometriose, inflamações pélvicas, a incidência aumenta para 15 a 20%.

O mioma pode levar a alterações (deformidades) do órgão que dificultam a implantação do embrião. Na maioria das vezes isso ocorre quando o mioma está dentro do útero, na sua parede ou na cavidade. Quando ele está dentro da cavidade do útero (chamado de submucoso), qualquer que seja seu tamanho será suficiente para atrapalhar a implantação do embrião.

Já quando ele está na parede do útero (intramural), costuma causar dificuldades para engravidar quando cresce e provoca deformidades no útero, podendo atingir e grandes dimensões. Se ele está perto do local em que a trompa se insere no útero, pode obstruí-la impedindo assim que o espermatozóide e o óvulo se encontrem. Mas se o mioma está para fora do útero (subseroso), ele geralmente não causa dificuldades para engravidar. E não podemos esquecer também que algumas pacientes desenvolvem miomas múltiplos que se espalham por todo o órgão ou a sua maior parte, fazendo com que ela tenha que retirar seu útero.

E existem complicações se engravidar com mioma?

Existe a chance de crescimento do mioma na gravidez. As complicações eventuais vão depender do tamanho e da localização do mioma. Entre os tipos de complicações se destacam o abortamento espontâneo, no início da gestação, a possibilidade de parto prematuro, descolamento de placenta, dificuldades durante o parto e dor forte na barriga durante a gravidez.
O mioma tem tratamento?

Nem toda paciente com mioma precisa ser tratada, já que se trata de uma doença benigna e que na grande maioria dos casos não causa sintomas. Quando causa sintomas significativos, ou quando atingem maiores tamanhos, o mioma deverá ser tratado.

Existe uma gama de opções de tratamento do mioma que poderemos lançar mão. Tais como:

- medicamentoso, onde usamos hormônios que podem impedir o crescimento do mioma, e ajudam a controlar o sangramento;

- cirúrgico, através de cirurgias abertas, por vídeo-laparoscopia, por video-histeroscopia; cirurgias que podem retirar somente o mioma ou todo o útero.

- Embolização: onde é introduzido um cateter que vai até a artéria do útero e obstrui os vasos que alimentam o mioma.

- Ultra-som focalizado guiado por ressonância magnética, onde é feita uma coagulação térmica do mioma, provocando a sua destruição.

De qualquer jeito, assim que é feito o diagnóstico de mioma, você deverá consultar o seu ginecologista e fazer um controle a cada seie meses através da ultrassonografia,, para avaliar seu desenvolvimento, pois quando descobertos em fase inicial, com tamanho pequeno, são passíveis de tratamento que permitem preservar o útero. Então, assim que você descobrir um mioma, procure imediatamente seu ginecologista.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Utilização de embriões humanos para pesquisa de células-tronco – uma visão de quem trabalha em um laboratório de reprodução humana assistida.

Embriões humanos congelados
Para entender melhor o que é a manipulação de embriões humanos e o que seria ter essas células como fonte de células tronco, é importante conhecer um pouco do processo de geração e congelamento de embriões.

O congelamento de embriões existe principalmente por causa da quantidade de embriões que são gerados em laboratório nos tratamentos de reprodução assistida para casais com infertilidade conjugal. Isso ocorre porque faz parte do tratamento a estimulação dos ovários para que se obtenha mais de um óvulo durante um ciclo menstrual, diferente do que acontece nos ciclos naturais das mulheres. Obter mais de um óvulo é necessário porque existe uma perda natural ao longo do processo de geração de embriões de boa qualidade. Em outras palavras, nem todo óvulo consegue ser fertilizado pelos espermatozóides, nem todo óvulo fertilizado consegue se desenvolver em embrião de qualidade, nem todo embrião que é transferido para o útero consegue se implantar e iniciar uma gestação. É por isso que os casais que fazem esse tipo de tratamento têm em média 40% de chance de obter a gestação a cada tentativa. Essas perdas ocorrem tanto na natureza, quanto no laboratório, tanto que um casal que não tenha qualquer problema de fertilidade e que tenha uma vida sexual normal, sem estar evitando a gravidez, tem apenas em torno de 18% de chance de engravidar a cada ciclo menstrual da mulher.

Exemplificando o que acontece em um tratamento de fertilização in vitro (dados de 2007, do Centro de Fertilidade Rede Labs D’Or): em média se obtém 10 óvulos maduros, desses aproximadamente 70% fertilizam e aproximadamente 2,5 embriões são transferidos. De todos os casais, 65% não terão embriões remanescentes para ser congelados e os outros 35% terão um média de 6 embriões que não foram transferidos, para congelamento. No ano de 2007, 217 embriões foram congelados no Centro de Fertilidade Rede Labs D’Or.

E qual o destino desses embriões? O principal é proporcionar mais uma chance de gravidez para aqueles mesmos casais que fizeram tratamento, quer seja para obter uma segunda gestação após o nascimento do primeiro filho anos depois do tratamento inicial, ou para tentar, mais uma vez, caso a gravidez não ocorra com aqueles embriões frescos transferidos inicialmente. No entanto, alguns dos casais que tiveram embriões congelados, conseguem a gestação e não desejam ter outros filhos. Nesses casos, até o último dia ??? única possibilidade era a doação, já que não nos parece nobre, e nem permitido pelas leis brasileiras, o descarte de embriões humanos. Por mais que isso se aproxime de filmes de ficção científica, é muito mais freqüente do que imaginamos a existência de casais que gostariam de “adotar” um embrião, já que isso lhes proporcionaria a experiência única de transmitir seu amor de pais desde os primórdios da formação do bebê.

No entanto não são todos que possuem o desprendimento de doar seus embriões, frutos da combinação genética de seus óvulos e espermatozóides, mesmo que não queiram mais outros filhos. Tanto a doação, quanto a adoção, passa por foros muito íntimos e não cabe a ninguém de fora julgar. Para esses casais a possibilidade de utilização dos embriões para geração de células-tronco, ou para si próprios e seus filhos no futuro ou para tratamento de outros, surge como mais uma alternativa para o impasse com que eles se deparam naquelas situações.

Embriões humanos descongelados
Da mesma forma que existem perdas no processo natural de formação de embriões, elas também ocorrem no processo de congelamento e descongelamento de embriões. Segundo os dados do Centro de Fertilidade Rede Labs D’Or, apresentados no I Encontro de Saúde Reprodutiva do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, na dependência da técnica utilizada, 75 a 95% dos casos que tiveram seus embriões congelados e descongelaram para tentar a gravidez, tiveram embriões viáveis para transferência para o útero. Isso significa que, de 5 a 25% dos casos ficam sem embriões para transferir.

Daqueles casos que conseguem embriões em boas condições de chegar ao útero, 35% conseguem a gravidez. Com o descongelamento a história se repete: nem todo embrião com aparência de viabilidade tem todas as ferramentas para gerar uma gravidez.

Quando esses embriões forem descongelados para geração de células-tronco, provavelmente o mesmo irá ocorrer. Poucos conseguirão atingir seu objetivo maior: se diferenciar na célula de origem de um determinado órgão ou tecido.

A ética na manipulação de embriões humanos
Nesse momento de tantas divergências sobre o assunto da utilização de embriões humanos como fonte de células-tronco, é antiproducente levantar bandeiras do certo ou do errado. Para que as discussões se tornem produtivas e construtivas, seria importante compartilhar as experiências dos diferentes setores da sociedade. Não posso falar por todos que trabalham em laboratórios de reprodução assistida, mas somente deixar a visão do que sinto como embriologista.

É sempre importante revisar: células-tronco são aquelas com capacidade de multiplicar-se e diferenciar-se nos mais variados tecidos do corpo, como sangue, ossos, nervos, músculos, etc. Segundo a Dra. Mayana Zatz, geneticista e coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano, as células de um embrião de poucos dias são mais eficazes que as células-tronco adultas (como as do cordão umbilical). "Elas podem produzir alguns tecidos, mas não todos. Somente as células-tronco embrionárias têm o potencial de formar todos os tecidos do nosso corpo", explica a médica. A utilização de embriões como células-tronco, significa desenvolver métodos para que os mesmos se diferenciem de forma normal e fisiológica naquele tecido que se deseja tratar.

Existe um grande erro em propor que somente os embriões inviáveis sejam utilizados para tal tecnologia, pois é praticamente impossível prever qual embrião carrega em si todas as ferramentas para se desenvolver em um ser humano completo. Existem alguns indícios que utilizamos no laboratório que nos orientam quanto ao melhor ou pior potencial de um embrião, no entanto não são critérios absolutos e algumas vezes nos surpreendemos com uma gravidez oriunda de um embrião classificado como “feio”. Só temos certeza da viabilidade ou inviabilidade depois de observar o desenvolvimento dos embriões. Assim, aquele embrião que se desenvolve até o estágio de 6 a 8 células com três dias após a fertilização é potencialmente viável e pode ser transferido para o útero materno ou congelado. Podemos ainda estender o cultivo em laboratório e esperar até o quinto ou sexto dia após a fertilização; aqueles embriões que se diferenciarem em “blastocisto” são potencialmente viáveis e poderão ser transferidos ou congelados. Ou seja, os que não conseguem se desenvolver nesse ritmo certamente são inviáveis e podem ser descartados, pois não vão gerar uma gestação. Aqueles embriões que foram transferidos para o útero e que resultaram em gravidez são os únicos que podemos com certeza atestar como viáveis, mesmo porque, em torno de 60% a gravidez não ocorrerá após a transferência dos embriões potencialmente viáveis.

Para utilizar embriões certamente inviáveis como fonte de células-tronco, seria necessário que estendêssemos as culturas até o quinto ou sexto dia e utilizássemos somente os embriões que não chegaram ao estágio de blastocisto. No entanto, acho muito pouco provável que essas células sejam capazes de diferenciação e que se consiga algum resultado de pesquisa desta forma.

A meu ver, dar outro destino aos embriões que não seja a formação de um ser humano completo, não é matar o embrião e sim dar a ele uma outra forma de vida, igualmente nobre. Para desenvolver trabalhos com células-tronco será necessário utilizar-se de embriões potencialmente viáveis que não foram transferidos ou que estão congelados, mas cujos donos não mais desejam a gravidez.


Outros tópicos que podem ser desenvolvidos.

1) Diante da regra geral da natureza de que muitos se perdem para o sucesso de poucos, fica o questionamento da validade de se “perder” muitos embriões para se obter o desenvolvimento de um determinado tecido.

2) A grande questão em torno do uso de embriões humanos para outro fim que não a gravidez, gera em torno de quando a alma se “instala” naquele pequeno amontoado de células.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Fertilidade Hoje e Sempre!


Olá, caros amigos blogueiros! O assunto do momento é como algumas mudanças no nosso comportamento podem interferir com a nossa fertilidade. Então vamos entender mais um pouco sobre isso:

A cada dia, um número maior de casais procura assistência médica, devido à dificuldade para obter gravidez. Em países desenvolvidos estima-se que 15% dos casais vão apresentar infertilidade em algum momento das suas vidas reprodutivas.

O impacto da idade sobre a fertilidade: Nos dias atuais, a mulher representa uma parcela importante no mercado de trabalho mundial, em muito colaborando com a economia doméstica e com um interesse especial pela formação profissional. Por esses motivos, existe uma tendência a um adiamento nos planos de ter filhos por parte do casal, e como conseqüência mais mulheres tentam a gravidez a partir dos 35 e após os 40 anos de vida. A partir dos 25 anos, ocorre uma queda gradual na fertilidade, estimando que a probabilidade de obter gestação diminui 3 a 5 % ao ano após os trinta anos, e esse percentual aumenta a partir dos 40 anos.

Riscos do hábito de fumar para a saúde reprodutiva: No Brasil 20% das mulheres são fumantes, e dessas 30% estão em idade reprodutiva. Além dos riscos para a saúde em geral, causados pelo hábito de fumar (doenças respiratórias, câncer de pulmão, cardiopatias e complicações na gravidez), a nicotina traz riscos específicos para a mulher no que diz respeito à infertilidade (22%), osteoporose (30%), menopausa precoce (17%), abortos espontâneos (39%), gravidez ectópica (27%) e câncer cervical (24%). O hábito de fumar aumenta os riscos de complicações na gravidez. O cigarro é considerado uma toxina para o aparelho reprodutivo.

Riscos do consumo de álcool para a saúde reprodutiva: O consumo de álcool pelas mulheres está associado com um aumento na infertilidade. O uso crônico de álcool reduz em 40% a chance de gravidez e no homem a diminuição da quantidade de espermatozóides e impotência sexual, nos casos de alcoolismo crônico.

Aumento da massa corporal: Em pacientes obesas, a fertilidade encontra-se reduzida em 50%. Uma perda de peso entre 10 a 15 kg aumenta consideravelmente as chances de gravidez na paciente obesa.

Atividades profissionais: algumas profissões podem alterar a fertilidade, principalmente quando ocorre o contato com tipos diferentes de agentes físicos e químicos. O calor, a radiação, substâncias tais como metais pesados são fatores que podem alterar a produção de óvulos e de espermatozóides.

Dicas:

• A partir dos trinta anos, é bom começar a programar a prole.
• Para as mulheres que desejam adiar o projeto da maternidade (por projetos profissionais ou por não terem encontrado o parceiro ideal), o congelamento de óvulos representa uma boa alternativa.
• Evitar a atividade física exagerada.
• Combater a obesidade.
• Recomenda-se a não utilização de drogas anabolizantes e drogas ilícitas.
• Quando decidir tentar a gravidez: reduza o consumo de álcool, de cafeína, amenize o stress e pare com o cigarro.
• Bons hábitos tais como: alimentação saudável e atividade física regular são sempre bem vindos!
• Compareça regularmente à consulta com o ginecologista.
• Nos casos de dificuldade em engravidar procure sempre um médico especialista em investigação e tratamento da infertilidade.
• Se a mulher tem mais de trinta anos e está tentando engravidar há pelo menos um ano sem sucesso, já é hora de procurar ajuda. A partir de trinta e cinco anos só deve esperar seis meses. A partir dos quarenta anos a procura deve ser imediata.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Inseminação Intra-Uterina

A técnica de inseminação intra-uterina consiste no tratamento da infertilidade através da estimulação ovariana controlada e inseminação (colocação) do sêmen capacitado (tratado em laboratório) dentro da cavidade uterina. O sêmen é introduzido através de um cateter a partir do colo uterino. O procedimento é praticamente indolor, podendo gerar apenas uma leve cólica durante a introdução do cateter. Este procedimento é realizado no período ideal do ciclo, orientado individualmente para cada paciente. Vale lembrar que a inseminação é apenas um entre outros tratamentos disponíveis na Reprodução Assistida (RA). Hoje em dia temos vários sinônimos usados para descrever o mesmo procedimento, com discretas diferenças:

IIU – Inseminação Intra-uterina
IAH – Inseminação Artificial Homóloga (sêmen do parceiro)
IAC – Inseminação Artificial Conjugal (sêmen do parceiro)
IAD – Inseminação Artificial com sêmen de doador



Vale a pena lembrar que o melhor procedimento é aquele escolhido pelo seu médico, após avaliação minuciosa e criteriosa do casal a ser submetido ao tratamento. A IIU está indicada para os casos de:
1- Alterações leves a moderadas do sêmen
2- Distúrbios Ovulatórios (ovários policísticos)
3- Alterações no colo do útero

De uma forma geral o casal deve possuir pelo menos os exames básicos, sendo eles:
Histerossalpingografia (comprovar a integridade das trompas)
Espermograma com Capacitação espermática
Exames Laboratoriais básicos (Hemograma, Glicemia de Jejum, etc)
Exames Laboratoriais para investigação de doenças infecto-contagiosas (HIV, VDRL, Sorologias para Hepatite B e C, HTLV, etc)

É importante ressaltar que para a inseminação ter uma boa chance de sucesso são necesssários pelo menos 5 x 10 milhões de espermatozóides do tipo A.

A chance de gravidez com o procedimento de inseminação intra-uterina é em torno de 20%. Tendo em vista que a inseminação é um método de baixa complexidade, há um número máximo de ciclos a serem realizados (3 ou 4), após os quais deve se considerar a indicação de métodos de alta complexidade, como a Fertilização In Vitro (FIV).

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Eis aqui nossa usina de idéias férteis!


Sejam benvindos ao nosso blog, dedicado a orientar e ajudar as pessoas que necessitam de mais informações sobre reprodução humana e infertilidade conjugal, tendo como foco principal o esclarecimento de suas dúvidas sobre as técnicas de inseminação e fertilização in vitro.



A cada dia, um número maior de casais procura assistência médica devido à dificuldade para obter gravidez. Em países desenvolvidos, estima-se que 15% dos casais vão apresentar infertilidade em algum momento de suas vidas reprodutivas. Por vezes, o profissional da área de saúde é consultado sobre a influência do estilo de vida sobre a fertilidade, como por exemplo o adiamento da gestação ou a exposição a alguns fatores ambientais. O objetivo de nossos primeiros posts é analisar variáveis comportamentais e de meio ambiente que podem interferir no processo natural da fertilização.

Nos próximos posts analisaremos - um a um - os fatores que contribuem para a incidência cada vez maior da infertilidade na vida dos casais. Até breve!

Maria Cecília Erthal & Equipe
Coordenadora do Serviço de Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana do Hospital Barra D'Or