terça-feira, 28 de julho de 2009

A preservação da fertildade em pacientes com câncer







A preservação da fertilidade é um debate que vem ganhando força há alguns poucos anos. Matéria da Folha de São Paulo de ontem traz uma pesquisa importante realizada nos EUA com 613 oncologistas que levou a sociedade americana de oncologia clínica a elaborar um novo guia com orientações sobre a preservação da fertilidade de pacientes com câncer. Ela constatou que apenas 25% dos oncologistas orientam seus pacientes sobre a preservação da fertilidade antes de se tratarem. Vale a pena ler na íntegra:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u600807.shtml

Novos tratamentos, novas medicações e um maior conhecimento sobre a forma de evolução dos tumores têm permitido a realização de tratamentos menos agressivos e com melhor taxa de sobrevida para os pacientes com diagnóstico de câncer. Mas, infelizmente, certos aspectos do tratamento ainda são negligenciados, principalmente em relação à vida após o câncer.

A formação oncológica sempre foi muito desgastante; nunca é fácil dar um diagnóstico que pode significar a morte de alguém. Dizer ao paciente que ele terá que se submeter a sessões onde medicações e tratamentos causarão náuseas, queda de cabelo, ou recomendar cirurgias que podem ser mutilantes faz parte do dia-a-dia desses profissionais.

Os oncologistas lutam diariamente com pacientes entre a vida e a morte. Então, sob sua ótica, sobreviver é a vitória. E, graças a eles e às pesquisas que vêm desenvolvendo, as vitórias são cada vez mais frequentes. A batalha é vencida, mas a guerra continua, a vida continua... E realizar o sonho da gestação faz parte dessa vida.

A medicina cada vez mais avança na tentativa de facilitar a gestação dessas pessoas. Para os homens, a preservação de sêmen é uma técnica já muito bem estabelecida, com ótimos resultados e de fácil realização. Já a preservação da fertilidade da mulher é mais complicada.

Existem técnicas que permitem a preservação de óvulos com boas taxas de gravidez, contudo é necessária a captação desses óvulos. E tempo é algo que muitas não têm antes da quimioterapia.

Outras técnicas também vêm sendo desenvolvidas, como o congelamento do tecido ovariano. Atualmente, já existem crianças nascidas dessa forma, mas só em alguns anos esta deverá ser uma prática bem estabelecida.

Enquanto essas opções não são uma realidade para todas, é preciso conscientizar médicos e pacientes quanto à necessidade de se realizar qualquer procedimento que possa ajudar a preservar a fertilidade, como a menopausa medicamentosa. Ela não é garantia definitiva de preservação da fertilidade, mas vários estudos já mostram seus benefícios.

A escolha do tratamento quimioterápico e radioterápico a ser utilizado também deve ser avaliada segundo esse aspecto. Em alguns casos, já é possível dar preferência a drogas que não agridam tanto os ovários.

O que importa é que muito já é feito com sucesso, está sendo desenvolvido, ou se encontra em fase de estudou nessa área. Cada vez mais a ciência avança na tentativa de vencer essa nova batalha. Porém, um passo importante que ainda tem de ser dado é a mudança da visão do câncer pela medicina. Mas pesquisas como a da sociedade americana de oncologia clínica mostra que também nesse aspectos já podemos comprovar importantes progressos.

Carpe diem

Por Dr. Cassio Sartorio
Ginecologista da equipe do Centro de Fertilidade da Rede D’Or

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Participe do Dia dos (Futuros) Papais

Gostaríamos de convidar a todos para o Dia dos (Futuros) Papais, que vai acontecer no Hospital Barra D’Or, no dia 8 de agosto (sábado), das 10h às 13h.

São duas palestras em homenagem ao Dia dos Pais:

10h - “Fertilidade conjugal”, com a Dra. Maria Cecília Erthal, diretora-médica do Centro de Fertilidade da Rede D’Or

11h30 - “Célula-tronco adulta e congelamento do sangue de cordão umbilical”, com a PhD em Ciências Morfológicas, Maria Helena Nicola, PhD em Ciências Morfológicas e coordenadora de Pesquisa & Desenvolvimento da Cryopraxis – Criobiologia.

As vagas são gratuitas e todos os participantes receberão uma entrevista com avaliação e aconselhamento sobre fertilidade, a ser agendada durante o evento.

CLIQUE AQUI E FAÇA A SUA INSCRIÇÃO!

Temas abordados:
Causas da infertilidade feminina e masculina;
Técnicas de investigação da fertilidade;
Relação sexual programada;
Inseminação intra-uterina;
Fertilização in vitro;
Injeção intra-citoplasmática de espermatozóides;
Congelamento de óvulos e espermatozóides;
Doação de óvulos;
Banco de sêmen;
Diagnóstico genético de embriões;
Células-tronco embrionárias – o que são e pesquisas na área;
Células-tronco adultas – o que são, usos atuais e futuros;
Congelamento de sangue de cordão umbilical – como funciona e quais são as vantagens;

Local: Auditório do Hospital Barra D’Or
Endereço: Av. Ayrton Senna, 2541 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro


CLIQUE AQUI E FAÇA A SUA INSCRIÇÃO!

A modernidade que colabora para a infertilidade masculina
















Ah, os males modernos... As invenções, às vezes, podem trazer tantos benefícios quanto transtornos. Um estudo divulgado no mês passado relaciona o uso excessivo de laptops sobre o colo a uma redução da fertilidade masculina. Veja matéria completa no site da Info.

Fato é que a natureza foi sábia ao posicionar os testículos na bolsa escrotal, pois a temperatura interna do corpo é muito alta para a produção dos espermatozóides. Então, ela providenciou esse jeito fácil de refrescá-los. Mas, com o desenvolvimento das civilizações e as intempéries do clima, criou-se o hábito de utilizar roupas como cuecas e calças - com exceção, é claro, dos escoceses com seus kilts, dos índios e dos nudistas! Assim, começamos a fazer o primeiro método de controle natural de fertilidade.

Mas, isso não era suficiente. Tivemos que inventar mais alguma coisa... E a revolução industrial nos deu os motores a explosão. Naquela época, e até muito pouco tempo atrás, os motoristas se sentavam próximo aos motores e o calor irradiado diminuía a sua fertilidade. O tempo passa e é vista a correlação entre a temperatura e a infertilidade de muitos dos nossos amigos "pilotos" de ônibus e caminhões. Os motores são mudados de lugar, mas não nos damos por satisfeitos... Vem a revolução tecnológica.

Os tempos contemporâneos nos trouxeram mais um alento: os computadores. Hoje em dia, não conseguimos mais imaginar nossas vidas sem eles!

Com o tempo, eles foram diminuindo de tamanho e agora os levamos para todos os lugares. Infelizmente, nem sempre temos uma mesa aonde apoiá-los, sobrando, então, o nosso velho e formidável colo. Aliás, essa função já esta até no nome: laptop: “para colocar em cima do colo”. É só recostar em algum lugar, apoiar essa pequena maravilha no colo e pronto, aqui estou eu me comunicando com vocês!

Quem o usa por muito tempo, assim como eu, sente o desconforto do calor que ele irradia. O meu processador, por exemplo, está a 58ºC, bem desconfortável. Ou, pelo menos, estava. Agora, carrego com ele mais uma novidade: um apoio com dois ventiladores que funcionam ligados à porta USB. Existem vários modelos no mercado, uns mais modernos, à base de gel que se liquidifica ao esquentar, e outros mais ecológicos, feitos com garrafas PET. Mas o mais importante é que com eles ficou ainda mais confortável escrever para vocês!

É a modernidade ajudando a consertar o que a própria modernidade causou. Agora só estou esperando sair a conclusão do estudo sobre a radiação eletromagnética dos celulares... Mas já dou um aviso: o meu já não anda mais no bolso!

Por Dr. Cassio Sartorio
Ginecologista da equipe do Centro de Fertilidade da Rede D’Or

terça-feira, 14 de julho de 2009

Como funciona o sistema reprodutor feminino?

Estamos iniciando uma nova fase no blog, buscando uma maior interação com nossos leitores. Para isso, preparamos uma lista muito especial com as principais dúvidas que costumamos responder. Envie suas perguntas (fertilidade@barrador.com.br), comente, fique à vontade... nosso blog é feito para você!

O sistema reprodutor feminino depende do correto funcionamento de quatro componentes do corpo: o cérebro, o ovário, a trompa de Falópio e o útero. A mulher já nasce com a quantidade exata de óvulos que vai ter por toda a sua vida. Esses óvulos ficam dentro de pequenos sacos preenchidos de líquido, chamados de folículos.

Todo mês, o cérebro manda uma mensagem a partir da glândula pituitária, estimulando o crescimento dos folículos e, por esse motivo, esse hormônio se chama folículo estimulante (FSH). Sob a influência do hormônio, um grupo de folículos começa a crescer. Porém, por volta do 14º dia do ciclo menstrual, apenas um folículo dominante é realmente selecionado para ovular. Esse folículo pode estar no ovário direito ou esquerdo. Com o crescimento, o folículo produz um importante hormônio chamado estrogênio, cuja principal função é estimular o crescimento do endométrio (tecido no interior do útero, que forma o “ninho” para o futuro bebê), que promove a implantação do embrião no útero.

No meio do ciclo, o folículo dominante atinge o diâmetro de 20 a 22 mm. Nesse momento, o cérebro libera um segundo hormônio, chamado de hormônio luteinizante (LH), que é o que desencadeia a ovulação.

Aproximadamente 36 horas após o pico do LH, o folículo libera o óvulo. É aí que entra em ação a trompa de Falópio, que capta o óvulo da superfície do ovário. Isso significa que, se a trompa não á capaz de realizar seu trabalho, a gravidez não acontece.

Durante a relação sexual, milhões de espermatozóides são depositados na vagina, quando ocorre a ejaculação. Enquanto o óvulo chega ao interior da trompa, esses espermatozóides nadam através do colo do útero, atravessam a cavidade uterina e chegam até a trompa, aonde a fertilização acontece.

Normalmente, após ser fertilizado, o óvulo leva cinco dias para atravessar a trompa, até o momento de chegar ao útero. Durante esse trajeto, as células estão em franco processo de divisão e, quando o embrião atinge o útero, já existem centenas de células e ele passa a se chamar blastocisto.

Uma vez o ovário tendo liberado o óvulo, o folículo remanescente é chamado de corpo lúteo, que produz tanto estrogênio, como um novo hormônio: a progesterona. A progesterona transforma o endométrio, já estimulado pelo estrogênio, em um tecido apto para a implantação do embrião, permitindo que a gravidez ocorra.

Caso a gravidez não aconteça, duas semanas após a ovulação, os níveis de estrogênio e progesterona caem, o endométrio, que é mantido por esses dois hormônios, começa a murchar e a menstruação acontece.

De uma maneira em geral, se comparada com outras raças, os seres humanos não são muito férteis. Nossas taxas de gravidez vão de 20 a 25% por ciclo, nos anos do pico da fertilidade, ou seja, até os trinta anos. E, a partir dos 35 anos, essa taxa cai para cerca de 12 a 15%.

Próxima pergunta: O que é infertilidade?