quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vaporização vaginal traz riscos à saúde, alerta médico



Técnica conquistou a atriz Gwyneth Paltrow, mas especialistas divergem sobre a eficácia e os benefícios do procedimento


É só uma personalidade famosa aderir a um procedimento que, quase que instantaneamente, ele se populariza ou, pelo menos, atiça a curiosidade do público.

Dessa vez, o assunto é controverso: a atriz americana Gwyneth Paltrow declarou que é adepta da técnica de vaporização vaginal, em que a mulher senta em uma espécie de minitrono com ervas fumegantes sendo projetadas para cima juntamente com raios infravermelhos. No caso da atriz, a erva usada é a Artemísia. Segundo ela, o procedimento “limpa o útero e regula os hormônios”.

O ginecologista Paulo Gallo, diretor-médico do Vida, Centro de Fertilidade da Rede D’Or, rebate a afirmação: “Bobagem. Isso não tem absolutamente nenhum embasamento científico”.

Além de regular os hormônios, essa terapia inusitada promete também regular a menstruação e aumentar a fertilidade. Gallo explica que as promessas não têm fundamento. “Só vai esquentar a vagina ou deixar um cheiro diferente”, diz.

O médico explica que o útero não precisa de limpeza. “Ele descama mensalmente, o endométrio se renova para preparar o útero para receber um embrião. Com ou sem ervas, isso vai acontecer”, conta. “Além disso, o vapor só chegará até a vagina. Não vai conseguir passar pelo colo do útero, que é uma cavidade virtual e só existe se for expandida sob pressão”.

Gallo explica ainda que as causas da infertilidade são muitas e não há um produto, natural ou artificial, específico capaz de resolver todo o problema. “Pode ser por problemas tubários, como obstrução da trompa, problemas hormonais que prejudicam a ovulação, fatores anatômicos, miomas, endometriose. As razões que causam a infertilidade são diversas”, explica.

Risco x benefício


O diretor-médico do Vida alerta que essa prática pode trazer riscos à saúde. “Pode prejudicar, em vez de ajudar”, diz ele. A razão? Uma possível alteração no pH vaginal. “A vagina tem bactérias que a protegem, os lactobacilos vaginalis. Eles produzem um pH adequado que combate o crescimento de outras bactérias”, explica o médico. “O vapor das ervas pode até alterar a flora vaginal e deixa-la à mercê de bactérias”, conta.

Já o ginecologista Alfonso, membro da Federação Brasileira da Associação de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), vê algum aproveitamento ao menos no relaxamento causado pela “sauna” íntima. “Alguns banhos relaxantes podem ajudar a reduzir o stress, e assim auxiliar em uma melhor ovulação e consequente fertilidade. A vulva, que é a parte externa da vagina, merece os mesmos cuidados dermatológicos que a mão ou rosto, por exemplo. Uma vulva bonita reflete uma mulher saudável e atraente”, completa.

Confira a matéria no site do portal IG

Imagem: Rachel Murray/Getty Images

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Doenças mitocondriais podem ser evitadas através de reprodução assistida



Governo britânico debateu a legalização da transferência mitocondrial, procedimento que pode evitar doenças genéticas em bebês

As doenças mitocondriais são caracterizadas pela falha na produção de energia celular, afetando seriamente o funcionamento dos músculos e até mesmo dos neurônios. Além disso, são um pesadelo para mães que pretendem ter filhos, visto que são doenças hereditárias e, portanto, as crianças certamente terão tais doenças. No entanto, um novo procedimento científico pode reverter a situação e prevenir a passagem dos genes afetados para os fetos. Trata-se da transferência mitocondrial, também conhecida como técnica de substituição mitocondrial. Tal técnica foi bem sucedida em animais e consiste na inserção de genes mitocondriais obtidos de óvulos saudáveis de uma mulher doadora em embriões criados em fertilização in vitro. Por isso, o governo britânico debate hoje a legalização do procedimento, que pode salvar crianças das doenças mitocondriais.

Para conversar sobre o assunto, o programa Tema Livre, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, convidou os especialistas em Reprodução Humana Assistida, Maria Cecília Cardoso e Paulo Gallo, e o professor de Direito Civil, Rafael Esteves. Apesar dos benefícios da transferência mitocondrial, há uma polêmica em torno do procedimento, pois a criança nasceria com material genético de três pessoas. Todavia, o médico Paulo Gallo garante que os genes doados por este indivíduo servem somente para o bom funcionamento das mitocôndrias do futuro bebê: "A criança que vai nascer desse processo vai ter a carga genética do seu pai e da sua mãe biológicos e apenas 0,2% do material genético é que não vai ser nem do pai e nem da mãe. Mas é um material genético que não interfere nas características da criança, apenas do funcionamento da mitocôndria". Para ouvir o programa na íntegra, clique no player acima.

Confira o áudio do programa no site da Rádio Nacional do Rio de Janeiro