quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Síndrome dos Ovários Policisticos - SOP

Hoje em dia, a realização de exames de ultrassonografia transvaginal é uma rotina na avaliação ginecológica. Com isso, a identificação de cistos ovarianos aumentou, 20 a 30 % das mulheres apresentam essas alterações nos ovários. Porém, na maior parte dos casos, esses cistos não têm relação com doenças e desaparecem de forma espontânea. Em torno de 10% dos casos, os cistos são provocados por uma alteração hormonal, a síndrome dos ovários policísticos, conhecida como SOP, que geralmente ocorre associada a outros sinais.
Os principais sintomas se devem às alterações no ciclo menstrual, que pode ter longos intervalos, em torno de três meses entre uma menstruação e outra, ou ate mesmo a ausência da menstruação. Os ovários não conseguem completar o ciclo de ovulação, desenvolvem o folículo, que não amadurece e não sofre o processo de ovulação. Dessa forma esses pequenos folículos (que não ovularam), se acumulam no ovário e formam os microcistos. Nem sempre a presença de menstruação significa ovulação. A mulher pode menstruar todo mês e mesmo assim não ter ovulação.

Os ovários policísticos estão associados a alterações dos hormônios, com excesso de produção de hormônios masculinos (testosterona) o que promove: aparecimento de pêlos em locais do corpo feminino nos quais não deveria aparecer ( por ex. no rosto), aumento da oleosidade da pele com aparecimento de acne e acúmulo de gordura abdominal (aquela barriguinha desagradável), com tendência a obesidade. É esse conjunto que caracteriza a síndrome dos ovários policísticos. É uma doença endócrina, ou seja, uma alteração nos hormônios, que ameaça a fertilidade feminina, pela alteração na ovulação que provoca. Em alguns casos pode ocorrer uma resistência à atuação da insulina (hormônio que regula o açúcar no sangue) com tendência ao desenvolvimento de diabetes, assim como aumenta a chance do aparecimento de doenças cardiovasculares.

A síndrome dos ovários policísticos não tem uma causa conhecida, mas é sabido que ocorre uma disfunção no hipotálamo (glândula que regula a produção hormonal) e tambem uma resistência a ação da insulina. Ocorre então um, aumento na produção de insulina, que por sua vez estimula a produção excessiva de hormônio masculino pelos ovários, acarretando todos os sinais e sintomas que compõe a tríada clássica da SOP: obesidade, amenorréia (ausência da menstruação), infertilidade e hirsutismo (aumento de pêlos no corpo). É importante ressaltar, porém, que nem toda a mulher obesa necessariamente vai ter a síndrome de ovários policísticos, como nem toda a portadora do distúrbio ficará obesa.

O diagnóstico da Síndrome dos Ovários Policísticos é feito através de ultrassonografia pélvica ou transvaginal, exames clínicos e laboratoriais. Para o diagnóstico, basta que a mulher apresente dois dentre os sintomas:

· Ovários policísticos pela ultrassonorafia, apresentando mais de 12 folículos na superfície com aumento do volume ovariano acima de 10 cm3.

· Falta de ovulação ou deficiência (pode ocorrer também a ausência da menstruação).

· Sinais clínicos ou laboratoriais de aumento na produção de hormônio masculino (acne, queda de cabelo, aumento de pêlos no rosto, pele oleosa).

Mulheres que apresentam apenas sinais de ovários policísticos ao realizar o exame de ultrassonografia, mas sem alteração na ovulação ou sem sinais de excesso de hormônio masculino, não devem ser consideradas portadoras da SOP.

Todas as pacientes com diagnóstico sugestivo de SOP devem realizar outros exames de avaliação hormonal tais como: dosagem de prolactina, hormônios tireoidianos e hormônios produzidos pela glândula supra-renal.

A SOP pode levar a dificuldade em engravidar, devido à diminuição ou à falta de ovulação.
Se uma mulher que sempre teve ciclos regulares e começa a notar que o ciclo está se tornando longo, com um intervalo acima de 40 dias entre as menstruações, é bom procurar o seu ginecologista para uma avaliação.

O tratamento dessa síndrome hormonal vai depender do objetivo da paciente. Em geral, é indicado o uso de anticoncepcionais orais (pílula), que diminuem o aparecimento de pêlos, espinhas, cólicas ou mesmo o aumento de peso.

Caso a mulher queira engravidar, a primeira alternativa é o uso de indutores de ovulação e em alguns casos específicos, pode ser necessário um tratamento de reprodução assistida.

ATENÇÃO: Perder peso é fundamental, para a saúde, o bem-estar e principalmente às que desejam a gravidez!