quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Infertilidade masculina atinge 10% dos casais brasileiros



Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que 10% dos casais brasileiros que desejam engravidar apresentam algum tipo de infertilidade. Durante muito tempo os empecilhos eram todos atribuídos às mulheres e só recentemente passaram a fazer parte do universo masculino. A infertilidade, de acordo com o médico urologista Sidney Glina, pode estar tanto em um quanto no outro, ou nos dois parceiros.

Estudos mostram que a infertilidade masculina na maioria dos fatores está relacionada à produção ou à disponibilidade de espermatozoides viáveis. “Infertilidade masculina não significa a impossibilidade definitiva de ter filhos, depois que surgiram à inseminação artificial e a fertilização in vitro. O diagnóstico benfeito é fundamental para a escolha do método mais indicado para superar essa dificuldade”, explica o urologista.

Para Sidney Glina, quando o homem recebe a notícia de que está infértil, na maioria das vezes não consegue isolar o fato de algum problema de ereção, entretanto, ele afirma que não há relação entre os dois. Os demais motivos que levam à infertilidade masculina estão as disfunções hormonais, infecções genitais, causas congênitas e fatores como uso de anabolizantes, tabagismo, consumo de maconha, cocaína e exposição à radiação, a temperaturas elevadas e à poluição ambiental. Doenças sexualmente transmissíveis e inflamações nos testículos, também podem ser outras causas.

No primeiro lugar do ranking das causas está a varicocele. “Que são varizes que aparecem no cordão espermático e podem atrapalhar a produção de espermatozoides. Essas varizes fazem com que a pressão testicular e intratesticular aumente. Entretanto, 60% dos portadores da doença não apresentam nenhuma alteração da fertilidade. Os outros 40% , em geral, são inférteis”, esclarece o urologista.

Diagnóstico da dificuldade em ser pai 

Por meio de tratamentos clínicos, procedimentos cirúrgicos e fertilização assistida, as chances de reverter um caso de infertilidade masculina são muito maiores atualmente, conforme Sidney Glina.

Para o diagnóstico o espermograma é um dos exames mais usados pelos médicos. Ele analisa as características do espermatozoide, permitindo verificar o potencial de reprodução do homem e o que pode ser feito para melhorá-lo. “O teste avalia desde o aspecto até a quantidade e as condições dos espermatozoides, podendo verificar como está a fertilidade do homem, além de, muitas vezes, apontar outros fatores da saúde reprodutiva masculina, como as condições da próstata ou a presença de infecções ocultas, por exemplo”, explica o urologista.

Normalmente este teste é realizado quando existe algum problema físico, imunológico ou genético, que possa alterar as condições espermáticas e/ou interferir na fertilidade do homem. Tudo isso é avaliado num exame clínico feito pelo urologista ou especialista em reprodução humana. “Por isso, o teste não tem uma periodicidade regular”, comenta o médico. Ele conta que o espermograma é realizado por meio de coleta de sêmen, após um período de abstinência sexual de três a cinco dias.

O médico lembra que, normalmente, são pedidos dois exames com 15 dias de intervalo entre eles. Se os resultados forem semelhantes em ambos há um diagnóstico. “Se houver alguma diferença entre as características do esperma estudado nas duas coletas, o médico pode solicitar uma terceira coleta, para não deixar nenhuma dúvida”, afirma.

Fertilidade x idade 

Se por um lado o aparelho reprodutivo feminino começa a sofrer alterações a partir dos 35 anos, por outro, a infertilidade masculina tem pouca associação com a evolução da idade. É sabido que a produção de espermatozoides vai diminuindo com o tempo, mas diversos especialistas apontam que até os 70 anos o homem pode ser pai com facilidade, principalmente se sua parceira tiver menos de 35 anos.

Conforme Glina, a idade do homem interfere pouco em sua capacidade de procriar. “O homem mais velho produz mais espermatozoides com alteração genética. Mas o impacto disto é bem menor na prole”, diz ao comparar com o efeito da idade na fertilidade feminina.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

6 dúvidas comuns sobre a fertilidade



Quando o assunto é a saúde feminina, em especial a fertilidade da mulher, existem muitas dúvidas e mitos que acabam direcionando os cuidados relacionados ao bem-estar para o lado errado. Isso porque, além de dificultar a concretização dos planos para a gravidez, as questões relacionadas à menstruação e à gestação também podem influenciar diretamente na qualidade de vida da mulher. Para esclarecer algumas dúvidas, a ginecologista Maria Cecília Erthal, listou os assuntos mais comuns que confundem a cabeça das mulheres. Veja abaixo!

1. Minha menstruação é regular. Logo, certeza que sou fértil.

A menstruação regular é um fator positivo para os ciclos ovulatórios, no entanto, outros fatores que não interferem na menstruação podem implicar na gestação e dificultar o processo, como problemas tubário/peritoneal, uterino, cervical ou mesmo sem nenhuma causa aparente.

2. Basta cuidar bem da saúde para não ter problema de fertilidade.

É fundamental ter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas para alcançar maior qualidade de vida, no entanto, esses fatores não previnem todos os problemas que podem influenciar na fertilidade.

3. Já tive um filho. Não vou ter dificuldade de engravidar novamente.

Já ter um histórico de gravidez não é garantia de que não haverá uma infertilidade secundária ― quadro de infertilidade com histórico de gestação, que é tão comum quanto a infertilidade primária. As condições de saúde do casal se modifica com o tempo e a idade da mulher deve ser levada em consideração na hora de calcular as possibilidades de gravidez.

4. Somente as mulheres são inférteis.

A infertilidade pode acometer tanto homens quanto mulheres. E os casos estão basicamente na mesma proporção, por isso, ao apresentar dificuldades para engravidar, o casal deve passar por exames clínicos para identificar o impedimento e ambos são passíveis de tratamento, quando indicado.

5. Não vou procurar uma clínica de fertilidade porque a única técnica usada é a fertilização in vitro. Com isso, eu corro o risco de ter gravidez múltipla.

A fertilização in vitro não é a única alternativa usada em clínicas de reprodução humana assistida, uma vez que a inseminação intrauterina e o coito programado também estão disponíveis. No entanto, alguns casais podem nem ter indicação para essas técnicas e o tratamento mais indicado para restaurar a fertilidade pode ser um procedimento cirúrgico. O risco de gravidez múltipla também depende do número de embriões transferidos para a fertilização. Para minimizar essa taxa, basta transferir apenas um embrião.

6. Já recorri a uma clínica e o tratamento não deu certo. Meu caso não tem solução.

Muitos fatores estão envolvidos no sucesso da reprodução assistida e por mais que medicina reprodutiva evolua alguns deles ainda são desconhecidos. Por isso, a persistência é tão importante para o processo, assim como uma equipe de profissionais qualificado e um emocional estável.

Confira a matéria no site da revista Pense Leve

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Reprodução assistida dá chances a pais gays


Cada vez mais casais homoafetivos têm a chance de se tornar pais ou mães biológicos. E para realizar o sonho, não precisam viajar até os Estados Unidos, como os empresários Roberto Souza da Silva, 32 anos, e Marco Aurélio Lucas, 33, pais dos gêmeos Natalie e Valentin, que nasceram há três meses na Califórnia e foram batizados há 10 dias no Cristo Redentor, como o jornal O DIA mostrou. Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), de novembro de 2013, prevê o acesso de casais homoafetivos às técnicas de reprodução assistida no Brasil.

A facilidade ampliou a procura nas clínicas especializadas em fertilização. “Recebemos de três a cinco casais homoafetivos por mês, inclusive vindos de outros países”, conta a médica Maria Cecília Erthal, diretora do Vida - Centro de Fertilidade da Rede D’Or, no Rio. No entanto, ainda esbarra em uma burocracia. Para registrar os filhos, os pais terão que entrar com uma ação judicial, diferentemente do que aconteceu com Beto e Marco, que já saíram dos Estados Unidos com a certidão de nascimento dos filhos reconhecida no Consulado do Brasil em Los Angeles — as crianças têm dupla cidadania (americana e brasileira).

"Administrativamente, a resolução do CFM admite o uso de técnicas reprodutivas, mas não há leis assegurando o registro. Estamos lutando para modificar isso”, diz a jurista Maria Berenice Dias, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM). A entidade pede agora a aprovação de uma resolução no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que filhos de uniões homoafetivas sejam registrados, como já prevê resolução da Corregedoria de Justiça do Mato Grosso, que autorizou registros no cartório, sem precisar de ação judicial. “Para entrar como pai ou mãe, tendo ou não material genético, precisa ainda da decisão judicial”, diz ela.

O tratamento completo de fertilização custa de R$ 15 mil a R$ 18 mil, muito abaixo do que é cobrado em outros países, onde o processo fica mais caro por envolver a contratação de “barrigas de aluguel” (como são chamados os úteros de substituição). “Lá fora, a receptora chega a receber 25 mil dólares (cerca de R$ 62,5 mil)”, disse Maria Cecília. No Brasil, a barriga de aluguel é permitida desde que seja comprovado laço de parentesco até o quarto grau com um dos integrantes do casal. A ideia, segundo ela, é evitar a “comercialização” do útero que vai gerar a vida.

Lei reconhece família homoafetiva 

Para o estilista Carlos Tufvesson, coordenador especial da Diversidade Sexual na Prefeitura do Rio, casos como o de Beto e Marco estão se tornando cada vez mais comuns, desde que o conceito de família foi reconhecido legalmente nas uniões homoafetivas. Isso ocorreu em 2011, com o voto do ministro Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), fundamental para ampliar os direitos dos homossexuais.

“Diante da lei, tivemos nossos direitos adquiridos. Concluiu-se que o conceito de família é derivado pelo afeto e não pela procriação. E passaram a entender as uniões homoafetivas como família de fato e direito”, lembrou.

Segundo ele, a maioria dos casais gays que quer ter filhos biológicos é formada por mulheres, que buscam bancos de esperma porque não querem ter problemas legais na questão de posse. “Elas têm mais vontade de ser mães, mas tem aumentado também o número de homens querendo ser pais”. Por outro lado, é grande também o número de homossexuais que optam pela adoção. “Entendo quem queira ter filhos biológicos, mas família é amor”, diz ele.

Foto:  Maíra Coelho / Agência O Dia

Confira a matéria no site do Jornal O Dia