segunda-feira, 29 de março de 2010

A maratona dos espermatozóides
























"Sizing Up Sperm" (algo como "Avaliando/ Ampliando o Esperma") é o nome do novo documentário do canal National Geographic, que conta como se dá a corrida dos espermatozóides em busca do óvulo, em uma espécie de metáfora da vida diária.

A série usa pessoas reais para representar os 250 milhões de espermatozóides. Até alcançar o óvulo, cada um deles passará por uma enorme jornada, enfrentando dificuldades e disputando a fertilização com outros milhões.

Apesar de ainda não ter data para estreia no Brasil, já é possível acessar o site em inglês e assistir vídeos, ver fotos, aprender um pouco mais sobre fertilidade, além de se divertir com o jogo "The great sperm race".

Acesse aqui o site do programa.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Que idade têm os seus ovários?

Texto do Dr. Evangelista Torquato, publicado em seu blog - http://evangelistatorquato.blogspot.com - sobre um tema mais do que recorrente aqui no Inseminação & Fertilização e que angustia muitas mulheres: o envelhecimento do corpo feminino e até que idade é possível engravidar.

Que idade têm seus ovários?

Imaginem como é deselegante perguntar a idade de uma mulher. Pois preciso fazer isso todo dia, todas as horas. É a sua idade o fator mais importante no prognóstico da sua maternidade. Mas a pergunta deveria ser assim: Que idade tem o seu ovário? Sabe por quê? Vejam esta história: Na última sexta feira estava atendendo em Teresina e entrou em meu consultório uma paciente que tinha aproximadamente uns 30 anos. Estava angustiada, pois depois de parar seu anticoncepcional para tentar engravidar menstruou apenas quatro vezes. Quando olhei seus hormônios a dosagem do seu FSH estava 37mUI/ml. Diagnóstico dado: falência ovariana prematura ou menopausa precoce. A única saída para a maternidade neste caso é um tratamento com óvulos doados ou adoção. Resumindo: esta é uma paciente de idade cronológica de 30 anos e de idade biológica de 47, 48 anos. Ou seja, nem sempre estas duas idade são concordantes. Por volta dos 30 anos de idade, 10% das pacientes experimentam um rápido declínio na sua reserva de óvulos. É uma estatística elevadíssima! Tal fato cresce ainda mais em relevância porque você esta adiando a sua primeira maternidade para depois dos 30anos. Claro não é mesmo! Primeiro a formatura – 24 a 25 anos, depois umas especializações para entrar no mercado de trabalho – 27 a 28 anos. Depois um casamento ai por volta dos 30 anos e aí mais uns três ou quatro para curtir o casamento. Agora vou ser mãe! Ok, esta tudo certo, mas vamos olhar para a sua natureza. Quando você mulher estava dentro da barriga da sua mãe, no 5º mês, você chegou a ter 7 milhões de óvulos em seus ovários. Mas este é o pico do Everest. A partir daí é queda. Querem ver? Ao nascerem já possuem apenas dois milhões e quando menstruam apenas 400 mil óvulos. O pior esta por vir: todo mês para você liberar um óvulo apenas você perde outros 800. Todo mês você perde oitocentos óvulos e não repõe. NUNCA! Quando sua reserva de óvulos chega a 1000, você estará na menopausa. Acabou o período de procriação. Mas atentem se: 10% das pacientes aos 30 anos perdem ainda muito mais além dos 800 óvulos. Perdem mais. Entrarão na menopausa mais cedo. Têm elas seus ovários envelhecidos e uma idade biológica diferente da cronológica. E o que é pior: a falsa sensação que a fertilização in vitro pode resolver tudo. Ledo engano minha amiga. Às vezes a natureza é implacavelmente mais forte do que nossas avançadas técnicas. Observamos nas últimas décadas um dramático aumento nas taxas de sucesso de gravidez em pacientes que fazem fertilização in vitro com menos de 35 anos de idade mas tal aumento não se estendeu as pacientes com 38 anos ou mais. Ao mesmo tempo aumentou dramaticamente o número de mulheres com mais idade buscando seu primeiro filho. Mas então o que fazer: que testes poderiam ser feitos para avaliar a idade do seu ovário? Que pacientes deveriam fazê-los?

Testes de reserva ovariana

Alguns testes podem ser feitos no seu sangue. Um deles é a dosagem de FSH, que deve ser feito quando você estiver menstruada. O FSH é um hormônio fabricado no seu cérebro, lá na hipófise. Ele é quem vai recrutar seus óvulos. Quando você tem muitos óvulos, o seu cérebro interpreta que não precisa liberar muito FSH e o contrário é verdadeiro: quando você tem poucos óvulos esta mensagem chega ao seu cérebro e sua hipófise libera mais FSH para ver se recruta mais óvulos. Você deve fazer entre o segundo e o terceiro dia da sua menstruação e o ideal é que seu valor se situe abaixo de Sete. Entre oito e nove fique atenta e acima de 10 não é um bom sinal. Existem outros testes que podem também ser feito no seu sangue. O mais recente é o AMH ou hormônio anti mulleriano. Pode ser feito em qualquer faz do ciclo menstrual. É muito preciso e esta ganhando cada vez mais adeptos no mundo. Por último, uma ultra sonografia transvaginal feita durante o seu período menstrual pode ajudar a datar a idade do seu ovário. Ao fazer temos a obrigação de encontrar pelo menos quatro a cinco folículos por ovário para podermos atestar que a sua reserva de óvulos esta normal. E quem deveria fazer estes exames: bem, se você esta na faixa etária de 30-32 anos e não vislumbra ainda acordar de noite para trocar fraldas aconselho que faça estes exames. Certifique se que seus ovários têm mesmo a sua idade. Às vezes uma informação importante pode estar na sua casa: pergunte se alguém entrou na menopausa por voltas dos 40-42 anos. Alerta máxima se esta pessoa existir. Pacientes fumantes, aquelas que já tiveram seus ovários operados, as portadoras de endometriose devem estar em alerta vermelho para uma redução na quantidade de óvulos. Bem, vou ficando por aqui. Esperando mais uma vez ter contribuído para levar uma informação de qualidade até você. Tenham todos uma excelente semana e fiquem com Deus...sempre!

Ler o post diretamente no site do Dr. Evangelista Torquato

segunda-feira, 22 de março de 2010

Filhos na hora certa

Matéria muito interessante da revista Vida Simples sobre como saber qual é a melhor época para se ter filhos.

Filhos na hora certa

Como saber qual é a melhor época para se ter filhos? Algumas histórias e reflexões podem ajudar a responder a essa pergunta e fazer você repensar sua decisão

Por Liane Alves


















Karina Lawrence tem 30 anos, é bióloga e trabalha como pesquisadora no laboratório de Metabolismo da Célula Tumoral da Universidade de São Paulo. Depois de quatro anos de faculdade, fez mestrado por dois anos e está acabando o doutorado, que durou quatro. Podia se dar por satisfeita. Humm,mas quem sabe fazer só mais um pós-doutorado de um ano e meio? É só mais um pouquinho. Aliás, para dizer a verdade, não existe apenas só um pós-doutorado. São vários, em diversas áreas. Quanto mais, melhor. É justamente aí, durante os pós-doutorados, que acontecem os convites ao exterior, a possibilidade de melhores empregos, bolsas bem remuneradas na área de pesquisa de ponta. Fazendo as contas, pode ser que essa história termine quando Karina tiver 33 anos – ou mais. É quando ela planeja ter um filho. Isto é, pelo menos uns dez anos depois da época biologicamente indicada para a mulher começar a procriar, segundo os médicos especialistas no assunto.

A história de Karina mostra a realidade de muitas outras mulheres que, pelos mais variados motivos, estão postergando o momento de ter filhos. Umas, por razões profissionais. Outras, por questões financeiras – para muitas delas, terminar as prestações do apartamento tornou-se mais urgente que ter crianças correndo pela casa. E uma boa parte, por não ter encontrado uma relação estável ou um companheiro que deseje formar uma família. Sem contar aquelas, ainda não muitas, que pretendem tocar a vida sem provar o gosto da maternidade.

Acompanhando o percurso de suas companheiras ou decidindo-se pela paternidade só na segunda ou terceira união conjugal, muitos homens também tornam-se pais mais tarde. Ou simplesmente decidem que não querem ter filhos. Ser pai ou mãe tornou-se opcional.

Esse fato causou uma mudança profunda na sociedade, tão grande que ainda é difícil mensurar. Qual a diferença entre essa nova mulher, que pode optar entre ser ou não ser mãe ou mesmo planejar a época de ter filhos, e a mulher que se realizava somente por meio da maternidade?

Para o filósofo Renato Janine Ribeiro, pensador particularmente envolvido com a contemporaneidade, até há pouco tempo a vida da mulher brasileira se compunha de estágios sucessivos e, de certa forma, irreversíveis.“ O casamento era indissolúvel e a moça, depois de se expor por certo tempo ao mercado conjugal, era colhida pelas teias sucessivas do casamento, da maternidade e, depois, da condição de avó”, diz. Isto é, se ela entrava na chuva, era para se molhar: não dava para voltar atrás e escolher uma melhor hora para engravidar ou até optar por não ter filhos. Depois de se casar, a maternidade para a mulher era imediata e quase obrigatória. “O mais interessante hoje é o fato de se poder escolher, por exemplo, entre ser mãe aos 18 e profissional aos 28, ou profissional aos 25 e mãe aos 35 – quer dizer, a sucessão de comportamentos sem alternativa e sem volta está acabando”, afirma Renato.

Tudo ao mesmo tempo

O problema é que essa liberdade de escolhas está ligada a algo muito atraente, mas perigoso como dinamite: o sonho (de homens e mulheres) de que se pode ter tudo na vida ao mesmo tempo. “Atualmente a mulher quer ser mãe, profissional de sucesso, boa esposa e ótima amante. O homem quer ser pai e marido presente, profissional empenhado na carreira e ainda ter tempo suficiente para praticar hobbies, viajar e aproveitar a vida. Na prática, isso é difícil. Quase insustentável”, diz o pensador.

O preço desse sonho inatingível é muita angústia e ansiedade. Se a mulher escolhe a carreira, sabe que tem um reloginho interno biológico que lhe diz que pode estar passando a melhor época para ter filhos sem maiores riscos. Se um homem escolhe ser pai no meio de sua ascensão profissional, terá problemas em conciliar as viagens ou atividades com sua presença em casa, ao lado da mulher e das crianças. Ainda mais hoje em dia, quando o pai tem consciência de que tem de participar mais da criação dos filhos.

A poeta mineira Adélia Prado, ao falar da multiplicidade dos papéis femininos, escreveu um dia que “mulher é desdobrável”. O homem de hoje certamente também é. “Grande parte dos homens já sabe que seu papel não é mais apenas o do provedor externo, e que não pode deixar as tarefas domésticas só com a mulher. Mas isso, se dá mais trabalho, também dá mais orgulho, mais companheirismo.É um grande ganho”, afirma Renato. Sabendo disso, fica ainda mais difícil para ele optar somente pela profissão.

O ideal... o ideal?

Muitos casais de classe média que se preparam para ser pais esperam alcançar uma condição ideal para receber as crianças – que parece nunca chegar. Para boa parte deles, esse cenário perfeito consiste em ter apartamento próprio, dois carros, bons rendimentos, união estável, realização profissional e sensação de já ter aproveitado suficientemente a vida de casal ainda sem filhos. De um lado, isso é bom. “Para ter filhos, é preciso já ter encontrado seu lugar no mundo”, diz Beatriz Vidigal, psicóloga especializada em terapia de casais. Em outras palavras, é saudável, sim, buscar uma base firme antes de ter filhos, embora seja provável que uma boa estrutura só seja alcançada depois dos 30 ou mesmo a caminho dos 40 anos. Mas também é prudente admitir que perfeição não existe e que não é preciso esperar por uma situação superideal para se ter uma criança.

Além disso, um bebê não deve vir ao mundo só porque esteja faltando o toque final de uma estrutura perfeita, a cereja em cima do sorvete, coroando a relação. “Filho não é para preencher lacuna”, diz Beatriz. Portanto, não é para aliviar o tédio do casal quase perfeito, afastar a solidão de uma mulher sozinha, muito menos para perpetuar uma linhagem familiar. Esses motivos são egocêntricos e pouco indicados quando se pensa em ter uma criança porque, ao contrário, em vez de razões egoístas, ela exigirá muita generosidade e desprendimento de seus genitores.

O filho terá de ser colocado em primeiro lugar em muitas decisões, com sacrifício dos pais, inclusive. “Egoístas não são bons pais, pois não sabem se doar. Para ter filhos, é preciso estar maduro psicologicamente, reconhecer o conceito de alteridade. Isto é, que uma criança tem existência própria, necessidades próprias, e que não é, em absoluto, uma continuação de nós mesmos”, diz a psicanalista.

Depois, a vida tem surpresas. Nada é garantido, muitas vezes é inútil planejar tanto. Antigamente se dizia que cada criança vinha com sua trouxinha, que não é necessário se preocupar tão desesperadamente com a sua sobrevivência. Certo, com os salários de babás de hoje, mensalidades de escolas e cursos paralelos (inglês, judô, ginástica), a trouxinha pode alcançar o tamanho de um contêiner. Mas, se formos muitos frios e racionais com relação ao assunto, perdemos a oportunidade de dar um crédito de confiança à vida.

Ver matéria no site da revista Vida Simples

quinta-feira, 18 de março de 2010

Fotos do evento "Papo de Mulher"

No último sábado, dia 13 de março, a diretora do Centro de Fertilidade da Rede D'Or, Maria Cecília Erthal, participou do "Papo de Mulher", encontro realizado no Hospital Copa D'Or em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Participaram também as especialistas da Rede D'Or Maria Julia Calas - mastologista, Vera Cuoco - endocrinologista e Fernanda Saboya - psicóloga, além da convidada especial Isabella Saes, jornalista e apresentadora do programa Hora do Blush, da rádio SulAmérica Paradiso.

Fotos por: Paulo de Barros












quarta-feira, 10 de março de 2010

Participe da palestra gratuita sobre como manter a saúde da mulher em todas as idades

Na próxima quinta-feira, dia 11 de março, às 9h00, acontece no Hospital Barra D’Or (RJ) a palestra Qualidade de Vida da Mulher: como viver bem em todas as idades, com a Dra. Maria Cecília Erthal, ginecologista especializada em reprodução humana.

A médica vai abordar as diferenças entre as diversas idades da mulher, desde o nascimento até a terceira idade, e como as transformações do organismo influenciam nas emoções e no bem-estar feminino. As fases da vida da mulher requerem cuidados específicos e, para manter a saúde perfeita, a especialista vai dar dicas de prevenção, cuidados com o corpo e exames importantes para cada geração. O tema gravidez e infertilidade, que preocupa muitas mulheres, também vai ser enfocado. As interessadas vão poder tirar dúvidas sobre as possibilidades de engravidar e prováveis causas de insucesso. Além disso, a ginecologista vai apresentar os principais tratamentos existentes hoje para realizar o sonho de ser mãe.

Temas da palestra:
- Vida intrauterina;
- Produção hormonal e desenvolvimento sexual;
- A adolescência e a primeira consulta ao ginecologista;
- Dos 18 aos 30 anos: patologias mais freqüentes e exames indicados;
- Entre 30 e 40 anos: o auto-exame das mamas e o exame ginecológico anual;
- Após os 40 anos: prevenção de doenças e check-up clínico anual;
- Entre 48 e 50 anos: início da menopausa, doenças específicas da idade, reposição hormonal;
- Qualidade de vida: fumo, álcool, sexo seguro e alimentação;
- Como se preparar para a maternidade: idade ideal, cuidados, acompanhamento ginecológico;
- Infertilidade: causas, tratamentos, principais dúvidas e quando procurar ajuda.

As vagas são limitadas e as inscrições devem ser feitas com antecedência pelo número (21) 2430-3639.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Carreira ou filhos X carreira e filhos

Hoje em dia, boa parte das mulheres se questiona sobre suas prioridades quando começa a pensar em ter filhos. Para aquelas que estão dando um impulso na profissão, um novo teste, à disposição já em 2010, pode ajudar a definir as chances de risco de diminuição da fertilidade feminina ao longo dos anos - como mostra a matéria da revista Época, abaixo.

Essa seria uma alternativa para saber o momento certo de definir quando mudar o foco para a constituição da prole. O teste genético sinaliza a reserva de óvulos, o que pode tranquilizar a mulher, ou indicar que ela deve acelerar o projeto da maternidade.

Porém, para as mulheres que estão vivendo agora essa questão e que ainda não podem usufruir datecnologia, o conselho é: respeitem o relógio biológico. Se ainda não acha que é momento da maternidade, existem opções, como o congelamento de óvulos, que já é opção a se considerar para postergar a gravidez.

Leia diretamente na página da revista Época

Carreira ou filhos?
Um teste genético promete revelar às mulheres de 20 anos por quanto tempo elas podem adiar a decisão de engravidar

LINDA GEDDES











PREVISÃO
Espermatozoide no momento da fecundação de um óvulo. Perfil genético poderá sugerir por quanto tempo uma mulher terá óvulos saudáveis


É um dilema que um número cada vez maior de mulheres jovens enfrenta: posso esperar minha carreira estar consolidada para só então pensar em ter filhos? Um teste genético que pode diminuir o caráter de aposta dessa decisão poderá estar à disposição em 2010. Ele é baseado na descoberta de um gene que parece prever a taxa de redução do suprimento de óvulos das mulheres.

Mas o objetivo do teste é prever se uma mulher de 20 e poucos anos corre alto risco de ter menopausa precoce. Se o teste for positivo, o monitoramento posterior de seu estoque de óvulos confirmará se a fertilidade está mesmo em declínio precoce. Munida dessas informações, ela poderá então decidir se começa uma família mais cedo ou mais tarde. Ou se congela alguns óvulos para aumentar suas chances de engravidar no futuro. Ainda não há certeza sobre se o teste será realmente útil.

Uma mulher nasce com todos os óvulos que vai ter durante a vida – de 1 a 2 milhões de óvulos imaturos, chamados de folículos. Ao atingir a puberdade, cada mulher tem cerca de 400 mil folículos. Esse número diminui progressivamente até a menopausa, quando restam apenas algumas centenas deles. O número de folículos de uma mulher em qualquer momento da vida – sua reserva ovariana – reflete aproximadamente quantos óvulos ela ainda vai liberar.

Depois dos 35 anos, a maioria das mulheres sofre uma queda acentuada em sua reserva ovariana e, consequentemente, em sua fertilidade. Mas cerca de 10% das mulheres sofrem de envelhecimento precoce do ovário por volta dos 20 anos. Testes hormonais podem fornecer um retrato aproximado da reserva ovariana de uma mulher – e evidenciar o declínio da fertilidade. O desafio é diagnosticar o envelhecimento ovariano precoce antes que ele aconteça.

Norbert Gleicher, do Centro para Reprodução Humana em Nova York, acha que pode fazer exatamente isso usando um gene que já foi relacionado ao envelhecimento reprodutivo. Mulheres que apresentam no gene FMR1 mais de 200 repetições da sequência CGG do DNA estão propensas a ter a Síndrome do Cromossomo X-Frágil, que causa diminuição da capacidade mental. Algumas mulheres têm de 55 a 200 repetições de CGG: elas não têm diminuição da capacidade mental, mas apresentam alto risco de ter menopausa precoce.

Intrigado com essa relação, Gleicher se perguntou se esses números de repetições no FMR1 poderiam conter também pistas sobre o envelhecimento precoce do ovário, que é mais comum e menos dramático que a menopausa precoce. Ele analisou os genes FMR1 de 316 mulheres que frequentavam sua clínica de fertilidade. Fez um retrato de suas reservas ovarianas medindo os níveis de um hormônio chamado anti-Mulleriano (AMH na sigla em inglês), um indicador de quantos óvulos estão amadurecendo nos ovários num dado momento.

Em mulheres que têm entre 28 e 33 repetições, encontrou níveis normais do AMH. Mas, em mulheres com repetições superiores a essa variação, os níveis de AMH indicaram envelhecimento ovariano precoce. Sua equipe calculou que para cada aumento de cinco repetições de CGG acima da variação, o risco aumentava 50%. Gleicher concluiu que o número de repetições de CGG prevê se uma mulher está propensa a ter envelhecimento ovariano precoce. “Podemos pegar uma mulher de 18 ou 20 anos, checar seu X-Frágil e fazer uma ótima previsão sobre seu risco”, diz. Como é sabido que o FMR1 ajuda a regular a transição dos óvulos imaturos para seu estado maduro, isso faz sentido.

O pesquisador espera começar a oferecer o teste ainda em 2010. Porém, nem todas as mulheres detectadas pelo teste vão ter dificuldade para engravidar na casa dos 30 anos. Somente testes hormonais vão confirmar se sua reserva de óvulos está se esgotando mais rapidamente que o normal. Segundo Gleicher, a pessoa poderá sentar e discutir sobre um plano para sua vida reprodutiva. “Em outras palavras, você quer ter seus filhos antes de tirar seu Ph.D. ou depois?”, diz. “ Se a resposta for depois, talvez seja interessante congelar alguns óvulos.” Gleicher diz que ainda precisa estabelecer níveis mínimos dos hormônios que estão sendo usados para medir a reserva ovariana em mulheres de diferentes idades que não estão tendo problemas de fertilidade.

Se a mulher quer ter filhos somente depois do Ph.D., mas tem óvulos frágeis, talvez devesse congelá-los

Muitos acham que ele está se precipitando. Uma das críticas é que, apesar de o AMH ser um dos melhores marcadores da reserva ovariana atualmente, ele não fornece uma medição direta do número de óvulos imaturos que restam. “Se alguém realmente quiser um instrumento para prever com muita antecedência quando vai entrar na menopausa, um teste que indique a quantidade de folículos primários é mais importante,” diz Sharon Lie Fong, do Centro Médico Erasmus, em Roterdã, na Holanda. “Ele também tem de provar se essas mulheres têm baixa fertilidade.”

Apesar de o envelhecimento ovariano precoce abranger um declínio tanto na qualidade quanto na quantidade de folículos, mulheres com uma reserva menor não necessariamente terão dificuldade para engravidar, diz Frank Broekmans, do Centro Médico da Universidade de Utrecht, na Holanda. Ele diz que os resultados de Gleicher precisam ser confirmados com um grupo maior de mulheres monitoradas por alguns anos, para determinar se as repetições de CGG afetam a probabilidade de uma gravidez. “É necessário algum tipo de acompanhamento para saber se esse teste realmente prevê acontecimentos de longo prazo.” Stephanie Sherman, da Universidade Emory, em Atlanta, na Geórgia, que também estuda o FMR1, diz que os resultados de Gleicher são empolgantes. Mas ela também gostaria de vê-los reproduzidos antes que o teste seja usado clinicamente.

O que pode ser feito agora, diz ela, é pesquisar mulheres com um histórico familiar de cromossomo X-Frágil para ver se elas têm as 55 a 200 repetições CGG indicadas, o que as colocaria em alto risco de ter menopausa precoce. “Está claro que esse é um indicador da reserva ovariana.”

Um teste de FMR1 pode ajudar também mulheres que não engravidam naturalmente, diz Bill Ledger, da Universidade de Sheffield, no Reino Unido. “Muitas mulheres com falência ovariana precoce têm curiosidade de saber por que isso aconteceu, e isso pode ajudar a explicar o fenômeno em alguns casos.”

O FMR1 não é o único fator que prevê o envelhecimento prematuro dos ovários. Broekmans descobriu recentemente que mulheres saudáveis com baixos níveis de AMH para sua faixa etária pareciam atingir a menopausa antes da idade média de 51 anos. Porém, essas mulheres tinham de 25 a 45 anos de idade quando fizeram o teste de AMH, e essas previsões ainda precisam ser comprovadas em mulheres mais jovens, que são propensas a apresentar maior variabilidade em seus níveis de AMH.

Outra opção é pesquisar outros genes além do FMR1. Recentemente, Kutluk Oktay, da Faculdade de Medicina de Nova York, disse na Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva que uma mulher com mutação no gene BRCA1 (que aumenta o risco de câncer de mama e ovário) pode também apresentar maior risco de envelhecimento ovariano precoce. Oktay está planejando agora estudos clínicos mais amplos para confirmar a descoberta, assim como investigações moleculares para explorar os mecanismos subjacentes. “A reparação do DNA pode ser um componente importante do envelhecimento ovariano”, diz.

Enquanto isso, outros estudos genéticos revelaram recentemente mutações genéticas comuns que influenciam a idade da menopausa. A maioria dos pesquisadores concorda que avaliar a expectativa da vida reprodutiva de uma mulher em torno de seus 20 anos pode ser benéfico e que o teste de Gleicher é o primeiro passo. Mas um teste suficientemente confiável para transformar a vida de um grande número de mulheres vai provavelmente envolver uma série de marcadores hormonais e genéticos. Também é preciso que o teste seja rigoroso para garantir que as mulheres não fiquem sobrecarregadas pela ansiedade – ou alimentem falsas esperanças.

Copyright NewScientist (tradução Maria Fernanda Cavallari)