quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Manual da infertilidade é matéria jornal do Bom Dia Brasil

Dra. Maria Cecília Erthal falou ao jornal Bom Dia Brasil desta quarta-feira, 18 de novembro, a respeito das principais causas da infertilidade.



Especialistas em infertilidade preparam manual para casais

A constatação mais recente é que o excesso de trabalho e o estresse podem provocar envelhecimento precoce dos ovários.

Para ajudar os casais nesse momento difícil, especialistas do Rio de Janeiro preparam manual com orientações para homens e mulheres que querem ter filhos.

Menino ou menina? É a cara do pai ou é igualzinho à mãe? Uma alegria que para muitos casais pode parecer distante, às vezes, quase impossível. Dois em cada dez casais não conseguem ter filhos – 30% por problemas físicos da mulher, 30%, do homem e outros 30% dos casos por questões femininas e masculinas. Somente 10% não podem ser diagnosticados.

As causas mais frequentes da infertilidade feminina são: problemas nos ovários, endometriose e miomas. Já entre os homens são as infecções, os hábitos de vida e os traumas.

Hoje a ciência já sabe que outros fatores podem aumentar ainda mais as dificuldades para as mulheres engravidarem, como por exemplo, o uso do álcool, do tabaco e dos anabolizantes, a poluição ambiental. A constatação mais recente é que o excesso de trabalho e o estresse podem provocar o envelhecimento precoce dos ovários.

A médica Maria Cecília Erthal lidera um grupo de especialistas em reprodução humana que está preparando o manual da infertilidade. Ela não tem dúvida: a sobrecarga de responsabilidades da mulher precisa ser repensada pelo casal que quer ter filhos.

“O número de horas trabalhadas está excessivo, tem que diminuir. O tipo de trabalho causa estresse, tem que mudar, repensar se esse é o lugar onde você deveria estar. A mulher tem que decidir, optar em doar parte da vida para a família e parte para a vida profissional”, aponta a médica Maria Cecília Erthal.

Genildo Dias dos Santos e Hedlane Lima dos Santos procuraram ajuda médica. A primeira razão de ela não ter ficado grávida já foi descoberta: uma endometriose, mas, o tratamento inclui também uma mudança de vida.

“A médica disse que eu tinha que tomar jeito: fazer o tratamento, regularizar os horários para que tudo dê certo”, lembra a empresária Hedlane Lima dos Santos.

“No começo, colocamos a empresa em primeiro lugar. Agora, a vida pessoa é prioridade”, compara o empresário Genildo Dias dos Santos.

Para que Pedro chegasse, a mãe precisou de tratamento, já Eduarda veio naturalmente. A comerciante Fabiana Schamis Barbosa acha que a cobrança pela maternidade é enorme e que pode até acabar com um casamento: “Os dois têm que querer muito um filho e, juntos, lutar por esse sonho. Se só um estiver nesse lado da estrada, desanda. Mas compensa. Cada sofrimento que pode ter tido compensa”.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ética em reprodução humana assistida


Os limites necessários para quem lida com o surgimento da vida dentro de um laboratório

Os recentes episódios vexaminosos na área de reprodução humana assistida levaram a conhecimento público uma série de irregularidades na prática dessa especialidade da medicina, que vem evoluindo consideravelmente nos últimos anos. Comenta-se que a falta de uma legislação específica é o que permite que certos desvios ocorram. No entanto, os médicos que lidam com tratamentos de fertilidade, assim como os demais, são regulamentados pelo Conselho Federal de Medicina - CFM, além frequentarem congressos nacionais e internacionais, em que temas relacionados à ética da profissão são exaustivamente abordados. O profissional que não impõe limites a si mesmo por se sentir protegido pela falta de leis está fechando os olhos para o bom senso e as normas que norteiam a sociedade à qual pertence.

A verdade é que, na prática, não existe como controlar tudo o que acontece dentro de um laboratório de reprodução assistida. Que garantias o casal tem de que seus óvulos estão sendo inseminados com os espermatozóides certos? É possível ter certeza de que existe um bom controle de contaminações entre as placas de cultivo? Como saber se aquele embrião é o certo para o teste genético que foi realizado depois da biópsia? Qual nível de controle real se pode ter sobre o tratamento? A resposta é: o mesmo que temos quando somos submetidos a uma cirurgia e nos encontramos inconscientes depois de uma anestesia geral; a garantia da confiança depositada no profissional que escolhemos.

Portanto, é preciso divulgar a importância de saber o que e como buscar quando se procura por um profissional confiável. Ele precisa não só reunir habilidade técnica e conhecimento vasto, como também ter um comportamento ético reconhecido pela comunidade e pelos pacientes atendidos. O serviço escolhido deve ser avaliado segundo vários critérios objetivos: sistemas de auditoria, resultados dos tratamentos, tempo de experiência dos profissionais, qualidade da equipe multidisciplinar, cultura médica, postura da equipe, referência de outros profissionais e relação médico-paciente.

Já por parte dos profissionais da reprodução assistida, o caminho para reforçar a credibilidade no trabalho realizado passa obrigatoriamente pela educação e pela informação de qualidade para o público. Munir aqueles que nos procuram de todos os subsídios técnicos a respeito dos procedimentos, em linguagem acessível e ajustar expectativas quanto aos resultados é obrigação do especialista. Quanto mais bem informados forem os pacientes, menores os riscos de serem lesados por profissionais antiéticos.

É preciso deixar claro também que não existem milagres nos tratamentos de fertilidade. Obviamente, quanto mais bem preparado e equipado for o laboratório, maiores serão as chances de bons resultados. Porém, há limites para as chances de gravidez. Quando são apresentados resultados espetacularmente maiores que a média mundial, uma certa dose de desconfiança é justificada. Bons resultados à custa de manipulação genética sempre foram muito questionados no meio e frutos de incontáveis erros e pouquíssimos acertos. Rejuvenescimento celular ainda é um grande sonho científico, mas por enquanto muito distante da prática do dia-a-dia.

Por fim, é no laboratório, coração do serviço de reprodução assistida e onde se inicia a mágica do surgimento da vida, que os padrões éticos devem ser mais rígidos. Nesse ambiente, o especialista em reprodução assistida e o embriologista precisam trabalhar em fina sintonia e a postura de ambos é que determina a seriedade do serviço. Apesar das atitudes tomadas não envolverem diretamente risco de morte para o paciente, como em uma cirurgia, exigem extremo controle. Afinal, estamos, sim, lidando diretamente com vidas: vidas futuras. Por isso, é o paradoxo de manusear células microscópicas e, ao mesmo tempo, estar semeando futuras vidas que precisa ser bem administrado na consciência de cada profissional, para que limites fundamentais jamais sejam ultrapassados.

Dra. Maria Cecília Erthal
Ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana assistida
Dra. Maria Cecília Cardoso
Embriologista especializada em reprodução humana assistida

Como escolher um bom médico?

O programa Mais Você, da TV Globo, elaborou uma reportagem muito interessante sobre como ter mais segurança na hora de escolher um médico de confiança. Vela a pena conferir.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Cientistas anunciam criação de células germinativas em laboratório


Foi notícia em vários veículos - leia aqui - o anúncio de que cientistas da Universidade de Stanford, na Califórnia, teriam conseguido criar em laboratório células (germinativas) que podem dar origem a óvulos e espermatozóides a partir de células-tronco embrionárias.

A reprodução humana vem sendo bastante beneficiada pelas descobertas dos geneticistas e enchem os profissionais dessa área de esperanças em relação ao futuro. Atualmente, esse tipo de descoberta ainda fica bastante restrita às bancadas de laboratório, mas, em pouco tempo, já é possível imaginar a possibilidade de trazer esses avanços para a prática clínica cotidiana. A produção de gametas, a partir de células-tronco, será muito útil nos casos das falências ovarianas, nas quais, hoje em dia, as mulheres só podem engravidar com óvulo de doadoras, e também nos casos de ausência de espermatozóides (as chamadas azoospermias).

Apesar de, na nossa experiência, não encontrarmos arrependimento ou desilusões quando os pacientes decidem recorrer a bancos de gametas (óvulos ou espermatozóides), muitos ainda encontram resistência a esse tipo de tratamento. O "sangue do meu sangue" é um sentimento muito forte que carregamos. Por outro lado, penso que se nos educássemos para nos desprendermos dessa questão genética, evoluiríamos muito como seres humanos.

Por
Dra. Maria Cecília Cardoso
Embriologista do Centro de Fertilidade da Rede D’Or