Recentemente, uma pesquisa norte-americana comprovou a importante ligação entre a obesidade e os níveis de infertilidade mundiais. De acordo com o estudo, níveis críticos de sobrepeso da gestante podem, inclusive, provocar infertilidade nas gerações futuras.
O Jornal do Brasil do último fim de semana abordou o assunto em uma reportagem explicativa que contou com a participação do diretor médico do Vida – Centro de Fertilidade da Rede D’Or, Dr. Paulo Gallo. Segundo o especialista, a obesidade é um fator de risco para a fertilidade, já que o excesso de peso provoca aumento na produção de insulina que, por sua vez, altera a produção dos hormônios ovarianos, diminuindo a probabilidade de se engravidar.
Mais um PESO na balança
Pesquisa nos Estados Unidos sugere que mulheres obesas possam gerar filhos inférteis
Por Luisa Bustamante
Além das complicações mais comuns ligadas ao excesso do peso, um estudo da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, mostra que a obesidade pode, também, provocar infertilidade nas gerações futuras. A pesquisa foi publicada na revista Endocrinologye revela que a complicação estaria ligada ao baixo nível do hormônio grelina – responsável pelo regulamento da fome e também pelo nosso crescimento.
No Brasil, a obesidade cresceu nos últimos anos e hoje já é vista como um problema de saúde pública. Segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, 48,1% da população brasileira está acima do peso, e 15% são obesos. Há cinco anos, a proporção era de 42,7% para excesso de peso e 11,4% para obesidade. As mulheres ainda representam menores taxas – 44,3% têm sobrepeso, contra 52,1% dos homens.
O professor Paulo Gallo, diretor do centro de fertilidade Vida, e professor do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, diz que a obesidade já é conhecida como um fator de risco para a fertilidade. Segundo ele, o excesso de peso provoca aumento na produção de insulina, que por sua vez altera a produção dos hormônios ovarianos, diminuindo a possibilidade de engravidar.
– Sabemos também que as mulheres obesas têm seis vezes mais chances de sofrer um aborto do que as demais – revela. – Quando uma obesa engravida, seu excesso de insulina também é transmitido para o bebê. Brasileiros trocam o feijão pelo refrigerante
Segundo o professor, o excesso de insulina no bebê é que provocaria infertilidade no futuro, mas ainda faltam estudos para comprovar isso.
De acordo com Hugh Taylor,médico de ciência reprodutiva e autor do estudo conduzido pela Universidade de Yale, ainda que a pesquisa tenha sido feita com ratos de laboratório, o resultado poderia ser expandido para as mulheres.
– Nosso estudo sugere que o baixo nível do hormônio grelina poderia afetar o desenvolvimento do útero nas filhas das mulheres obesas – explica. – Elas poderiam, então, se tornar menos férteis quando adultas.
O endocrinologista Antônio Minuzzi, explica que a abundante presença de receptores (onde os hormônios se ligam e agem) da grelina em órgãos sexuais dos obesos já chama atenção dos médicos.
– Sabemos que os obesos podem ter problemas relacionados à reprodução, e a grelina também estimula a produção de hormônio do crescimento e tem relação direta com a fecundação – conta. – Esta pesquisa chama a atenção para mais uma complicação da obesidade – ou seja, além da hispertensão e diabetes, a infertilidade nos filhos.
Alimentação e sedentarismo
Ainda segundo a pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, a obesidade segue em expansão no Brasil: 14,2% dos adultos não fazem nenhuma atividade física no tempo livre, e 30,2% dos homens e 26,5% das mulheres assistem televisão por mais de três horas ao dia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a prática de 30 minutos de atividade física pelo menos cinco vezes por semana.
Para piorar, os brasileiros consomem menos arroz com feijão do que há cinco anos. O número de adultos que comem feijão pelo menos cinco dias por semana é de 66,7%. Em 2006, este número era de 71,9%.
A pesquisa aponta ainda que somente 18,2% dos brasileiros adultos consomem cinco porções diárias ou 400 gramas de frutas e hortaliças, quantidade recomendada pela OMS. O levantamento mostra que 34,2% se alimentam de carnes vermelhas gordurosas ou de frango com pele; e 28,1% consomem refrigerantes cinco vezes ou mais na semana.
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