quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Matéria do portal Bolsa de Mulher fala sobre fertilidade segura















Veja matéria de Luana Martins, do portal Bolsa de Mulher, sobre congelamento de óvulos como alternativa para quem deseja adiar a maternidade, com participação da diretora do Centro de Fertilidade da Rede D'Or

Leia direto do site: http://bebe.bolsademulher.com//planejamento/materia/fertilidade_segura/90707/1

Fertilidade segura
Congelamento de óvulos é alternativa a quem deseja adiar a maternidade

Trabalho, trabalho e mais trabalho. Quando a vida profissional está de vento em popa, muitas mulheres optam por adiar a maternidade. Se nem chegaram perto do altar, há motivos em dobro para não engravidar. Agora, se o relógio biológico começa a dar as últimas badaladas e há o desejo de ser mãe, é hora de se preocupar: a fertilidade feminina entra em curva descendente a partir dos 35 anos e engravidar aos 40 anos é, praticamente, uma exceção.

Felizmente, a medicina guarda uma esperança às balzaquianas em busca da cegonha: o congelamento de óvulos. A técnica entrou em evidência depois que algumas famosas, como a atriz norte-americana Jennifer Aniston (40 anos), aderiram. E, mesmo na ficção, o tema anda em alta: a personagem Ruth, da atriz Cissa Guimarães na novela global Caminho das Índias, se submeteu ao tratamento.

Segundo dados estatísticos do Ministério da Saúde, em 2004, mais de 126 mil mulheres optaram pela maternidade após os 35 anos. E os números tendem a aumentar. "É uma tendência da vida moderna. Muitas mulheres têm priorizado aspectos profissionais e deixam para engravidar mais tarde. Existem aquelas que não encontraram o parceiro ideal e vêem na técnica uma opção para esperar pelo parceiro. Ou ainda mulheres que, por estarem com alguma doença autoimune (como lupus) ou em tratamento que pode levar à diminuição da fertilidade (como a quimioterapia e radioterapia) são orientadas a preservar a fertilidade através do congelamento dos óvulos", justifica Maria Cecília Erthal, ginecologista e diretora clínica do Centro de Fertilidade da Rede D'Or, no Rio de Janeiro.

Entendendo a fertilidade feminina
A chegada da primeira menstruação marca a passagem da adolescência para a vida adulta. É nesse momento que a mulher está biologicamente preparada para gerar uma criança. Mas somente por volta dos 20 anos (até os 35 anos) ela estará vivenciando o chamado 'pico de fertilidade'. "Nessa fase, o organismo já está adaptado às variações hormonais, o lado psicológico também se encontra bem formado, os ovários possuem uma boa reserva de óvulos e os riscos relacionados à gravidez são pequenos", frisa Maria Cecília. A partir de então, o tempo passa a ser inimigo e fator determinante para o decréscimo da fertilidade.

Isso ocorre porque as mulheres nascem com um estoque limitado de óvulos e como eles não se formam ao longo da vida, o envelhecimento traz a diminuição da capacidade de gerar uma vida. Para se ter uma idéia, nos primeiros anos de maturidade reprodutiva, uma mulher possui cerca de 400 mil óvulos. Aos 40 anos, esse número se encontra próximo dos 50 mil e, na menopausa, cai quase a zero. "Além da redução na quantidade de óvulos a serem produzidos, com o passar do tempo a qualidade dessas células reprodutoras também diminui, dificultando mais uma gestação natural", acrescenta Márcio Coslovsky, diretor médico da Huntington Centro de Medicina Reprodutiva, no Rio de Janeiro.

A técnica promissora
O investimento em técnicas de congelamento é antigo. Há pelo menos 50 anos a medicina apresenta resultados promissores no congelamento de espermatozóides. Há mais de dez anos também obteve sucesso no congelamento de embriões. Já a técnica de congelamento de óvulos - que detinha alguns problemas técnicos - começa agora a mostrar resultados animadores.

Para aqueles que desaprovam o método de congelamento de embriões por questões religiosas e éticas, o congelamento de óvulos passa a ser a melhor alternativa. "Ele se tornou muito mais conveniente, já que a paciente pode descartar os óvulos caso não os utilize. No congelamento de embriões, existe todo um aspecto legal e moral em relação ao que fazer com eles se não forem transferidos para o útero", justifica Maria Cecília. Além disso, o congelamento de óvulos pode ser feito sem a necessidade de um parceiro.

O procedimento é bem simples. "A mulher recebe injeções hormonais no período menstrual capazes de induzir uma maior ovulação. Doze dias após a menstruação, se estiverem prontos, cerca de dez óvulos são retirados por ultrassom e examinados. Os saudáveis são submetidos ao congelamento. No futuro, serão fecundados pelo sêmen do pai por meio de técnicas de reprodução assistida", explica Márcio.

A boa notícia é que os avanços tecnológicos permitem a recuperação quase total (cerca de 80%) dos óvulos depois do congelamento. "Através de substâncias crioprotetoras, o processo de congelamento (vitrificação) não forma mais cristais de gelo capazes de romper os óvulos no momento do descongelamento, como acontecia antigamente", garante Márcio. Além disso, não há um período limite para a duração desse congelamento. "Teoricamente, ele pode durar para sempre. Desde que não falte nitrogênio líquido - substância responsável pela queda de temperatura e conservação dos óvulos", enfatiza o especialista em reprodução.

As taxas de sucesso do tratamento são animadoras. "Os últimos estudos europeus vêm demonstrando taxas de gravidez (em torno de 38%) muito próximas aos da utilização de embriões frescos", revela Maria Cecília. "No entanto, o sucesso do tratamento dependerá de outros fatores: a idade da mulher no momento em que os óvulos foram retirados e a qualidade do sêmen utilizado para fertilizá-los são quesitos importantíssimos", acrescenta Márcio. Por isso, o especialista aconselha: "Se pretende congelar seus óvulos, faça-o cedo"!

Gravidez múltipla
Se a notícia da gravidez depois de um congelamento é animadora, imagine a chegada dupla da cegonha? Assim como qualquer técnica de reprodução assistida, o congelamento de óvulos favorece a gravidez múltipla (de gêmeos). "A opção de transferir mais de um embrião é feita para aumentar as chances de engravidar. Mas caso seja a opção do casal, pode-se transferir um embrião por vez, o que impede o nascimento de gêmeos diferentes", garante Maria Cecília. "Já as taxas de gêmeos idênticos não altera, pois é resultado da divisão de um mesmo embrião depois de implantado", aponta a especialista.

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Um inconveniente do tratamento fica por conta dos custos. "O tratamento completo costuma sair por R$12 mil, incluindo os remédios usados para a estimulação ovariana", revela Márcio. Já a taxa para a manutenção dos óvulos vitrificados varia de R$120 a R$1.000,00 dependendo da clínica e da periodização dos pagamentos.

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