quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Entenda o método Invo - Nova opção de tratamento com custo reduzido, mas que oferece limitações

Foi notícia o nascimento do 1º bebê brasileiro com ajuda de técnica de fertilização Invo, até então inédita no país.



Apesar de um feito importante, a notícia traz informações incorretas, que precisam ser esclarecidas.

A Invo é uma técnica de reprodução assistida (RA) que tem a finalidade de diminuir o custo do tratamento, porém não dispensa a necessidade de apoio de um laboratório de RA. O único item que não se usa é a incubadora, uma vez que óvulos e espermatozoides realizam seu encontro dentro do organismo feminino.

Na mulher, efetua-se a indução ovulatória com uma dose menor de medicamentos ("mild stimulation"), de forma que a paciente produza um número menor de óvulos. Estes óvulos serão aspirados na sala de cirurgia, da mesma maneira que na fertilização in vitro (FIV) tradicional e levados para o laboratório de RA.

Já no caso do homem, há a necessidade de colher o sêmen por masturbação, material que também será encaminhado para o laboratório de RA.

No laboratório, os óvulos e espermatozoides serão colocados dentro de uma cápsula e esta será inserida e fixada dentro da cavidade vaginal. A vagina vai desempenhar o papel da incubadora, mantendo a temperatura ideal e fornecendo  o ambiente necessário para o desenvolvimento embrionário.

Após três dias, esta cápsula será removida da vagina e levada ao laboratório de FIV, onde os embriões serão avaliados e os de melhor qualidade serão transferidos para a cavidade uterina, como na FIV tradicional.

A principal vantagem do método consiste no menor custo de tratamento, facilitando o uso da técnica pelo serviço público.

Apresenta, porém, desvantagens importantes: não pode ser utilizada nos casos de fator masculino grave (quando a causa da infertilidade é masculina), ou nos casos em que os espermatozoides são obtidos por punção ou biópsia - nestes casos a opção pela técnica de injeção intracitoplasmática (ICSI) é obrigatória.

Além disso, existe o risco de contaminação dos embriões por germes da vagina. Há descrições na literatura médica de contaminação dos embriões por cândida albicans, por exemplo, o que pode acarretar a morte, ou a piora da qualidade dos embriões. Da mesma forma, o método apresenta taxas de gestação menores do que a FIV/ICSI: em média 19%, contra 35%.

Desta forma, a Invo se apresenta como mais uma opção de tratamento com custo reduzido, porém devem ser levadas em conta essas limitações importantes, principalmente nos casos de fator masculino, além de apresentar taxas de gestações menores do que a FIV/ICSI tradicional.

Dr. Paulo Gallo
Diretor médico do Vida - Centro de Fertilidade da Rede D'Or

2 comentários:

Art's da Flávinha disse...

Boa Noite Dr. Tenho 32 anos e fiz FIN no dia 28/09 foi feito a transferencia dos embriões e hoje 10/10 fiz o teste de gravidez e deu negativo. Gostaria de saber se ainda ha possibilidade de dar positivo??
Desde já agradeço a atenção!!
Flavia

Vida - Centro de Fertilidade da Rede D'Or disse...

Olá, Flávia,

É muito importante que o BhCG quantitativo seja repetido e confirmado após uma tentativa de FIV. Aqui na clínica costumamos repetir após dois dias. Aguarde o resultado!

Bpoa sorte!

Dra. Carolina Zendron
Ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana assistida
CRM 52-84372-5