quinta-feira, 20 de agosto de 2009

DST atingem 13% dos brasileiros e estão entre as causas de infertilidade em homens e mulheres




Em matéria da Folha de São Paulo desta semana, ficamos sabendo que pesquisa do Ministério da Saúde com 8.000 pessoas, de 15 a 64 anos revela que cerca 13% dos brasileiros com vida sexual ativa já tiveram doenças sexualmente transmissíveis (DST), sendo que parte significativa deles nem ao menos se trata. O que pouca gente sabe é que fora a Aids, que é bastante temida por todos, algumas dessas doenças são realmente sérias e podem levar à infertilidade e até a casos de câncer.


Mas apesar do número assustador de mais de 10 milhões e infectados no pais, é engraçado ver como as coisas mudam... Lembro-me claramente de quando comecei a exercer a medicina. Na época, atendia pacientes idosos e naquelas perguntas de rotina, quando os questionava sobre se já haviam tido alguma DST, eles enchiam o peito e falavam com muito orgulho: “Ih, doutor! Já tive sífilis umas quatro vezes e gonorréia umas três.” Isso talvez porque, para aquela geração, isso era o correspondente de "pegador" para os jovens de hoje.

Mais tarde, quando passei a exercer a função de médico militar, atendia os recrutas com gonorréia e esses já chegavam mais cabisbaixos, porque sabiam que aquilo era sinônimo que eles tinham feito burrada. Como não tinham usado preservativo, a chance de ter outra DST associada era alta e o que mais lhes preocupava era a AIDS.

Esses relatos só servem para exemplificar o que o Ministério da saúde vem notando ao longo do tempo: o número de casos de DST entre a geração acima dos 60 anos tem tido um aumento significativo. Esse grupo não teve acesso ao mesmo tipo de ações de prevenção que os jovens e, portanto, não foi tão estimulado a usar a camisinha, algo que o governo vem tentando mudar.

Outro fato alarmante é a atitude despreocupada de muitos adolescentes. Com o avanço das terapias, o HIV tem se tornado uma doença crônica, com sobrevida longa e, com isso, o impacto que a doença causa tem diminuído. Isso leva a uma diminuição dos cuidados em relação ao uso de preservativo nessa faixa etária, outra situação que as campanhas públicas têm procurado sanar.

Felizmente, a maior parte das DST tem tratamento curativo e, quando descobertas precocemente, não costumam deixar sequelas. O problema é que algumas são silenciosas, não causando sintomas e, por isso, só são descobertas tardiamente.

É o caso da Chlamydia, cuja sequela bastante comum é a obstrução tubária feminina, que leva à infertilidade. Já no homem, pode levar à inflamação da uretra e, mais raramente, à inflamação testicular.

O melhor jeito para se descobrir se, por acaso, você se contaminou numa relação desprotegida é procurando seu médico. Mas lembre-se: o melhor é sempre se prevenir das DST usando preservativo.

E, já que falei tanto do Ministério da Saúde, vou fazer mais uma propaganda para ele (só que tem de ser cantada o ano todo!):

Bota a Camisinha

Bota a camisinha
Bota meu amor
Que hoje tá chovendo
Não vai fazer calor

Bota a camisinha no pescoço
Bota geral
Não quero ver ninguém
Sem camisinha
Prá não se machucar
No Carnaval...

Por Dr. Cassio Sartorio
Ginecologista da equipe do Centro de Fertilidade da Rede D’Or

Um comentário:

Maria Cecília Cardoso disse...

Muito interessante este artigo. É muito necessária uma campanha para que a camisinha passe a fazer parte dos nossos hábitos de higiene e cuidados com o corpo, assim como o fio dental é fundamental para a higiene oral.